Sobre o CEPESC

Salvador, Bahia, Brazil
CEPESC - Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão. Nasceu do sonho, da utopia e da luta pela criação de um entidade que refletisse, a partir da perspectiva cristã e no contexto da diversidade cultural, social e religiosa brasileira e da Bahia, o mundo dos nossos dias de um modo abrangente e total, ou seja, nas suas dimensões social, econômica, política, educacional e religiosa. Por isso, adotou o lema Dignidade e plenitude da vida e da criação. Organizada em 23 de novembro de 1996, é uma entidade de caráter cultural, educacional, social e religioso. Tem como objetivos estimular, fazer e divulgar pesquisas no campo político, econômico, social, cultural e religioso e realizar trabalhos de educação, sociais, culturais e religiosos. Contato: 3266-5526

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Boletim da Igreja Evangélica Antioquia - 29/09


               IGREJA EVANGÉLICA ANTIOQUIA
Uma Igreja a serviço da fé e da vida
Uma comunidade alternativa
Rua Capelinha do Tororó, 1, 1º andar, Tororó
40050-120, Salvador, Bahia, Brasil


Pastores:                                                     Serviços da Igreja em outubro:
Fernando Carneiro 86330079              Primeiro domingo, dia 6, às 10h00
Expedito Lopes  91356645                   Último domingo, dia 27,  às 10h00
Djalma Torres  99537149                     Atendimento Quarta- feira, 17h00
           

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BOLETIM DE 29 DE SETEMBRO DE 2013 
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Em setembro que chega ao fim amanhã, entramos na Primavera, a Igreja Católica dedicou o mês à Bíblia e na religiosidade popular sexta-feira, 27, foi o dia de São Cosme e São Damião.

O Papa Francisco continua na mídia internacional, o julgamento do mensalão deu uma parada para o julgamento dos embargos infringentes e na ONU o Irã e os Estados Unidos se reuniram para falar sobre o programa nuclear iraniano. Enquanto isso, violência, drogas e problemas do cotidiano como transporte, saúde e desemprego  continuam a atormentar o brasileiro.

Abro um parêntesis para um informe especial: No final da semana passada, (20 e 21), em Feira de Santana, a Aliança de Batistas do Brasil realizou o I Encontro de Formação, que recebeu o título de “Política, Sexualidade e Teologia: A Formação de Uma Nova Juventude.

Começou na sexta-feira à noite, com uma apresentação do Pr. Joel Zeferino e Andréa Lais, falando e cantando teologia e música popular. No sábado foram discutidos dois temas significativos: “Teologia, Sexualidade e Juventude” e “Teologia, Política e Juventude”, com preletores de alto nível, como André Musskopf, Aletuza Leite, Pr. Wellington Santos e Jhônatas Monteiro. O Pr. Jorge Nery elaborou e dirigiu a celebração de encerramento, que contou com a presença de uma Mãe de Santo (Mãe Antonieta de Oxun) de Salvador, e dois líderes de candomblé de Feira de Santana. No final, fui alvo de homenagens da Aliança, da Igreja de Bultrins, da Comunidade de Jesus e do grupo do Rio de Janeiro.

Esse encontro serviu para renovar esperanças nos protestantes e os líderes, Pra. Odja Barros (Presidente da Aliança), Pr. Wellington Santos (Igreja Batista Pinheiro, em Maceió, Al), Pr. Paulo César (Igreja Batista de Bultrins, em Olinda, Pe), Pr. Joel Zeferino e o grupo da I.B.Nazareth e, sobretudo, Marcos, Marquinhos, Jorge Nery, Emerson e os demais componentes da Comunidade de Jesus merecem o nosso apoio e o abraço de congratulações pela realização de um evento com esse nível. Nós aplaudimos a todos e todas com entusiasmo e emoção.


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PROGRAMA DE HOJE
Direção: Cláudio Sena
Direção de Música: Valdomiro Mota
Mensagem e discussão do tema: Pr. Expedito Lopes

Abertura, acolhida e informações
Canto de entrada, “ As Tuas Mãos” 

As tuas mãos dirigem  meu destino; ó Deus de amor, que sempre seja assim.
Teus são os meus poderes, minha vida. Em tudo, eterno Pai, dispõe de mim.
Em sombra ou luz é tudo como ordenas, eu tenho por bem-vindo o teu querer.

As tuas mãos dirigem meu destino; acasos para mim não haverá. 
O grande Pai vigia o meu caminho e sem motivo não me afligirá.
E em breve entrando na cidade eterna, eu louvarei meu guia e Salvador.


  Oração da manhã
  Leitura bíblica feita pela comunidade (Textos individuais)
  Mensagem e discussão do tema   
  Canto pela comunidade: “Creio em Deus”

Creio em Deus quando brilha o sol que ao mundo dá vida e luz.
Creio em Deus, quando cai a chuva ao redor de mim.
Creio em Deus, quando escuras nuvens se formam num vendaval,
Quando se abre uma flor, eu creio em Deus.

Mesmo que a vida não seja tão calma, eu creio em Deus.
Mesmo que o ódio destrua o mundo eu creio em Deus.
Eu creio em Deus, sim, creio em Deus.
Mesmo sendo sombrio aqui, mesmo havendo a maldade eu creio em Deus.
 
  Creio em Deus, quando num milagre a vida vem a surgir,
  Creio em Deus quando mil estrelas dão brilho ao céu.
  Quando a linda criança abre um sorriso eu creio em Deus.
           Mesmo em plena tormenta eu creio em Deus.

Entrega das ofertas para a comunidade
Oração de agradecimento
Encerramento
Almoço de confraternização






  INFORMAÇÕES

A CESE lançou a Semana da Primavera no domingo passado, com uma celebração ecumênica seguida de almoço de confraternização na Igreja Luterana. Foi uma reunião muito concorrida, que contou com a presença, pela primeira vez, da nova Diretora Executiva, Sônia Mota.



Perdas sofridas. Perdemos, nos últimos dias, duas pessoas importantes ligadas a nós. No último dia 23, 2ª feira, faleceu D. Corina Sampaio, mãe do querido irmão Euriconelson Sampaio, aos 95 anos de idade. Nesta 4ª feira passada, dia 25, faleceu o irmão Rufino Oliveira, com 98 anos de vida ativa. Ele era pai de Vera Oliveira Torres, nossa querida Vera, da Igreja Batista Nazareth. Nós nos solidarizamos com o sofrimento de todos os familiares.


Canudos: No próximo domingo, dia 6 de outubro, às 10h00, em uma programação conjunta da Igreja Antioquia e do CEPESC, vamos comemorar os 120 anos de Canudos. Canudos é o acontecimento mais vivo de toda a história do Brasil. O arraial do Belo Monte sonhado por Antonio Conselheiro cresceu tanto, em tão pouco tempo, que só ficou menor do que Salvador em todo o Estado da Bahia. Teve quatro anos de vida e foi destruído pelo Exército, na Quarta Expedição, comandada por dois generais e composta por mais de 10 mil homens.

Além da programação, vamos expor livros, Cds, fotos, almanaques, material da romaria e nos prepararmos para a próxima romaria, nos dias 18 a 20 de outubro de 2013.  



******* Despede-nos em paz, Senhor, fica conosco e nos guarde *******
          




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Papa diz que igreja não pode 'interferir espiritualmente' na vida de gays




O papa Francisco afirmou que a igreja tem o direito de expressar suas opiniões, mas não deve "interferir espiritualmente" na vida de gays e lésbicas. A entrevista do pontífice foi publicada na quarta-feira (18), no jornal jesuíta "La Civiltà Cattolica". Ele também aproveitou para criticar a 'obsessão' da igreja por aborto e contracepção.

Em julho, Francisco já havia abordado a questão da homossexualidade, dizendo que os gays 'não devem ser julgados'.


"Uma pessoa me perguntou uma vez, em tom provocativo, se eu aprovava o homossexualismo", disse. "Eu respondi com uma pergunta: Quando Deus olha para uma pessoa gay, ele reconhece a existência desta pessoa com amor, ou a rejeita e condena? Sempre precisamos considerar esta pessoa".

O papa também afirmou que nunca foi "de direita" --após ser escolhido pontífice, argentinos acusaram Francisco de ter colaborado com a ditadura argentina (1976-1983). Recentemente, um grupo de perseguidos políticos disse ter recebido a ajuda do então cardeal Bergoglio.

Aborto
Francisco afirmou que foi criticado por não falar sobre aborto e contracepção. "Fui repreendido por isso. Mas, quando falamos sobre essas questões, temos que fazê-lo em um contexto. O ensinamento da igreja quanto a isso é claro, e eu sou um filho da igreja, mas não é necessário falar sobre esses assuntos o tempo inteiro".

"Sou um pecador"
Indagado pelo repórter sobre quem é Jorge Mario Bergoglio (seu nome de batismo), o papa respondeu que é "um pecador". "Essa é a melhor definição. Não é uma figura de linguagem, eu sou um pecador".

Francisco disse ainda que a igreja por vezes "se fechou em torno de coisas pequenas". "Coisas de mentes pequenas. O povo de Deus quer pastores, não clérigos agindo como burocratas ou políticos".

Além disso, o papa também destacou o papel das mulheres na igreja, e disse que a igreja precisa encontrar um "novo balanço" entre suas missões políticas e espirituais.

CESE realiza Campanha Para a Vida


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O que cai primeiro: Celibato dos sacerdotes ou proibição de ordenar mulheres?


Muitas hierarquias têm pensado nisso diante da falta de vocações, do fato de que milhares de paróquias não têm pastor (descumprindo o preceito de oferecer a missa dominical, antes gravíssimo pecado para um fiel, incluindo multa da Guarda Civil) e diante da irritação e da marginalização de milhões de mulheres, apesar de serem a imensa maioria nessa confissão.

Diz o primeiro-ministro de Francisco, Pietro Parolin, que o celibato obrigatório "não é um dogma de fé". Que novidade! Quando o sexo não era obsessão doentia de eclesiásticos principais, houve até papas que foram pais de família. Hoje são 58 mil padres casados --6.000 na Espanha-- à espera de uma mudança que lhes permita voltar a exercer sua vocação. Também existem sacerdotes que convivem com suas mulheres e atendem paróquias por encargo de algum bispo.

Houve em 2005 em Tenerife um caso famoso: a ordenação pelo prelado local de um homem com mulher e duas filhas, o britânico Gliwitzki, ex-pastor anglicano. O caso foi autorizado pela congregação doutrinária que presidia o emérito Bento 16.

Apesar de tudo, Ratzinger, e sobretudo seu antecessor, João Paulo 2º, sempre se negaram a aceitar o celibato opcional. Wojtyla o fez com seu habitual mau humor. Foi célebre o ocorrido quando o cardeal de Sevilha Bueno Monreal foi lhe comunicar sua renúncia por idade e desenhou para o papa um panorama desolador de sua província eclesiástica. "Vejo-me na obrigação de lhe pedir, santidade, que reflita sobre a conveniência de relaxar o celibato obrigatório." João Paulo 2º o cortou sem compaixão: "Eu me vejo na obrigação de lhe pedir que deixe agora mesmo este escritório".

Em um sínodo sobre a família, o papa polonês voltou a perder a compostura diante de vários cardeais alemães: "Muitos falam em rediscutir a lei do celibato eclesiástico. É preciso fazê-los calar-se!", disse.

Em relação ao sacerdócio feminino, João Paulo 2º se empenhou em fechar essa porta, proclamando-o um dogma da Igreja Católica. A duras penas pôde convencer de que não o fizesse seu principal assessor, Ratzinger, então principal policial da doutrina vaticana. Também cairá essa cortina.


Em 2005, o padre Ángel García, fundador dos Mensageiros da Paz, apostou com um jornalista de "El País" que Bento 16 admitiria o sacerdócio feminino. "Um dia em que se levante com o pé direito, dirá: 'Agora chega'. Aposto que antes de cinco anos o fará." Não o fez, mas talvez Francisco dê esse passo, se realmente traz reformas, além de boas palavras.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Boletim da Igreja Evangélica Antioquia - 15 de setembro/2013

IGREJA EVANGÉLICA ANTIOQUIA
Uma Igreja a serviço da fé e da vida
Rua Capelinha do Tororó, 1, 1º andar, Tororó
40050-120, Salvador, Bahia, Brasil

                     Pastores: Fernando Carneiro, Expedito Lopes e Djalma Torres
                         Reuniões: Segundo e último domingo do mês, às 10h00
                        Serviço pastoral: segunda e quarta, a partir das 17h00


     BOLETIM ESPECIAL EM 15 DE SETEMBRO DE 2013
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A Igreja Evangélica Antioquia é uma comunidade com características muito peculiares. Define-se como uma igreja a serviço da fé e da vida, como, do mesmo modo e, com naturalidade, afirma ser uma comunidade alternativa. Estas não são afirmações levianas, mas de fé e compromisso.  Uma comunidade que se ajoelha para orar é a mesma que sai à rua para protestar. Uma comunidade que crê num Deus Eterno e Senhor da vida, avança sobre as estruturas de qualquer confissão religiosa, alia-se a outras igrejas e religiões fora do mundo cristão, na luta em favor da paz, da justiça, da fraternidade e da igualdade entre toda a raça humana.

A IEA não chegou a este estágio de comunidade religiosa por acaso. Ao contrário, debruçou-se sobre a história da igreja e seguiu o exemplo da grande Igreja de Antioquia, do Primeiro Século, uma igreja corajosa, destemida e de fé. O exemplo dessa Antioquia do passado distante, resultou na elaboração de um texto que, depois de discutido, foi tomado como exemplo para o seu nome. O compromisso também está alicerçado no Credo Apostólico dos cristãos primitivos, com os acréscimos e as alterações que constituem testemunhos de fé abraçados pela comunidade. Os dois textos estão disponíveis na Igreja e no blog do Cepesc.

Mas não só. A IEA também é uma comunidade com características peculiares na periodicidade de suas reuniões, (quinzenais e só pela manhã) na programação que realiza, com momentos de devoção e outros de discussão de temas variados, na liberdade de opinião de cada participante e na partilha da mesa depois das reuniões.

É ilusão pensar que somos uma comunidade perfeita. O grupo é pequeno, falta espaço, os recursos são poucos, não ha tempo suficiente para planejar e executar tudo, nem sempre todos ficam satisfeitos com a reunião, às vezes o almoço não agrada, ainda não sabemos o que fazer com as crianças e, com frequência, a opção da igreja é criticada.

Estamos, isto é certo, abrindo trincheiras e seguindo em frente, inspirados no poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar”.

Um abraço, Pr. Djalma Torres
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ROTEIRO DO PROGRAMA DE HOJE
Abertura, acolhida e informações: Pr. Djalma Torres
Canto: “Canção da Chegada” e “Oh! Luz do Senhor”
Oração da manhã
  Leitura bíblica e intercessão
  Música de inspiração e fé   
  Entrega das ofertas para a comunidade
Oração de agradecimento
  Apresentação do tema de hoje: Pr. Jorge Nery de Santana
  “A Igreja Cristã Frente à Teologia das Religiões”
  Encerramento e almoço de confraternização


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INFORMES

01. A nossa próxima reunião será no dia 29 de setembro, último domingo do mês, às 10h00.  

02 A família Carneiro está tentando superar problemas de saúde. Vera recupera-se da 3ª cirurgia no joelho. Fernando recupera-se de um acidente doméstico. Gabriela de uma indisposição que requereu internamento, mas já está em casa. Eles merecem o nosso conforto e solidariedade: 86330079.    

03. Estamos enviando o boletim da IEA para várias pessoas da relação dos irmãos e irmãs da Comunidade. Também o boletim está sendo divulgado no blog do CEPESC. (Acessar no Google: Blog do Cepesc). Informe o e-mail para quem você deseja que enviemos o boletim de cada reunião.

04. Este mês os aniversariantes são Cláudio Sena, dia 5 e Maristela Ramos, no dia 11. Cláudio é um dos líderes da nossa comunidade e muito querido de todos nós. Maristela é a mais nova participante da IEA. Aos dois, os nossos parabéns e votos sinceros de felicidades, bem-estar e paz.   

05. Hoje temos o privilégio de contar com a participação especial do Pastor e Professor Jorge Nery de Santana, que já compôs o colegiado de pastores da IEA e que, por motivo de suas múltiplas atividades, não pode continuar. Atualmente ele está à frente da Comunidade de Jesus, em Feira de Santana e ensina em diversas faculdades do interior do Estado da Bahia. Ficamos agradecidos por esta valiosa contribuição. O Pr. Jorge vai falar sobre um texto do Pe. José Wilson Andrade, “A Igreja Cristã Frente à Teologia das Religiões”, que muito nos interessa como uma comunidade alternativa.

06. Nesta 5ª feira passada, dia 12, Mãe Stella de Oxossi,  Yalorixá do Terreiro do Ilê Axé Opô Afonjá tornou-se a mais nova acadêmica da Bahia, ao ocupar a Cadeira no 33, de que foi o último ocupante o Professor Ubiratan Castro de Araújo. À mãe Stella e a todo o povo de santo, o nosso abraço fraterno de congratulações. O patrono da Cadeira é o saudoso poeta Castro Alves.  

07. Neste fim de semana, 20 e 21, em Feira de Santana, a Aliança de Batistas vai realizar um seminário de formação, com a seguinte programação: Sexta-feira, Teologia e Música Popular, com Pr. Joel Zeferino e Andréia Laís; no sábado pela manhã, Teologia, Sexualidade e Juventude, com Aletuza Leite, André Musskopf e mediação de Anísia Neta. A tarde, Teologia, Política e Juventude, com Wellington Santos, Jhônatas Monteiro e mediação de Bruno Montarroyos. Os pastores Jorge Nery e Djalma  Torres vão encerrar o seminário com uma celebração ecumênica.



**********  Um abraço fraterno e uma boa semana a todos e todas  **********

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ialorixá Stella de Oxóssi toma posse hoje na Academia de Letras da Bahia


Quando a Academia de Letras da Bahia - ALB  foi fundada, em 1917, o terreiro  Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, já tinha sete anos de existência. Comandado pela ialorixá Eugênia Anna dos Santos, a Mãe Aninha (1869-1938), o candomblé tinha preocupações básicas,  como garantir seu próprio funcionamento e o bem-estar de seus fiéis. Bem distantes das questões que ocupavam a elite intelectual da cidade.

Quase um século depois, os caminhos das duas instituições se cruzam hoje, com a posse de Mãe Stella de Oxóssi, 88 anos, primeira mãe de santo a se tornar imortal. A sessão acontece às 20h, na sede da ALB, em Nazaré, com saudação feita pela escritora e acadêmica Myriam Fraga.

No discurso que fará para os colegas, Mãe Stella refletirá sobre o significado de sua entrada na academia. “Foi uma surpresa agradável. Nem sabia que tinha espaço para mim naquela casa”, cutuca Mãe Stella. Mas, depois de refletir bem sobre o assunto, concluiu que já “fez por onde”. Ou, em outras palavras, que a distinção é fruto de seu reconhecido trabalho em prol da religião.

 “Acho que fiz muito para mostrar o que nós somos e por que estamos aqui”, afirma Mãe Stella, quinta na linha sucessória do Ilê Axé Opô Afonjá. “Quando comecei, era tudo muito escondido. Quando se perguntava a religião de alguém do candomblé ela dizia que era católica”, afirma a ialorixá, uma das primeiras lideranças a se manifestar amplamente contra o sincretismo na religião.

Narrativas
Na Academia, Mãe Stella  vai ocupar a  cadeira  33, cujo patrono é o poeta Castro Alves (1847-1871) e teve como último ocupante o historiador Ubiratan Castro (1949- 2013), de quem era amiga. “Acho que são desígnios do destino”, afirma Mãe Stella, que é admiradora da poesia de Castro Alves. Substituir Ubiratan, um dos poucos negros na história da casa baiana, também é motivo de orgulho.

“Vamos esperar que outros negros ocupem esses lugares. No meu caso, sou mulher, negra e ialorixá... Parece que a humanidade está se humanizando”, diz, com largo sorriso. Além da importância religiosa de Mãe Stella, sua escolha para a Academia destaca o interesse demonstrado pela literatura e a preocupação em falar sobre as tradições e principais fundamentos do candomblé.    

“O que não está escrito some, se perde”, resume Mãe Stella, que é autora de seis livros, publicados a partir de 1988. O último, lançado  ano passado, é a coletânea Opinião, que reúne textos de sua coluna no jornal A Tarde.

Filha de uma família classe média, Mãe Stella conta que sempre gostou de ler. Teve várias fases, como os romances açucarados da adolescência. Ela é formada em Enfermagem pela Ufba, profissão que exerceu até passar a se dedicar integralmente à religião.

Antigo x novo
Desde que foi iniciada no candomblé por Mãe Senhora (1942-1967), aos  14 anos, ela começou a estudar  aquele novo mundo. “Passei a prestar atenção nos preceitos, nas conversas e a fazer muitas anotações, pois nós temos nossa própria teologia”. Talvez o livro mais emblemático da ialorixá seja Meu Tempo É Agora (1993), no qual ela defende a importância do texto escrito dentro da religião, ainda fortemente baseada na oralidade. 

O próximo livro de Mãe Stella, que tem dois volumes e já está pronto, é sobre o jogo de búzios. “É o oráculo essencial,  a forma de nos comunicarmos com os orixás”, resume, acrescentando que não quer que as coisas que aprendeu fiquem só com ela. Assim como suas outras obras, destaca, trata-se de um trabalho coletivo, parceria com vários filhos de santo, que ajudam na pesquisa e na digitação. “No computador, sou analfabeta”, brinca.

 No comando do Afonjá desde 1976, Mãe Stella foi responsável por inciativas como a Escola Municipal Eugênia Anna dos Santos e o Museu Ilê Ohum Lailai - Casa das Coisas Antigas, que funcionam dentro do próprio terreiro, ampliando sua atuação. O museu, criado em 1999,  é o xodó da ialorixá. Ela conta que a Casa de Oxalá, a maior nas dependências do terreiro e onde acontecem vários preceitos religiosos, acumulava uma grande quantidade de coisas antigas, com muito valor simbólico.

“Tinha muita coisa boa, roupas, ferramentas e objetos de culto. Até a capa do Xangô de Mãe Aninha estava lá. Daí veio a ideia do museu”, recorda.  A escola, de 1978, era um desejo antigo de Mãe Aninha, que queria ajudar na alfabetização da comunidade do terreiro. “Ela costuma dizer ‘eu  hei de  ver os meus filhos servindo a Xangô com um anel no dedo’”, recorda, referindo-se ao orixá que rege o Afonjá.

Oxóssi
Além de sua entrada para a Academia de Letras da Bahia, o dia de hoje é muito especial para Mãe Stella. Exatamente nesta data ela completa 74 anos de iniciação religiosa e dedicação ao orixá Oxóssi. Por conta da posse, a festa no terreiro será apenas para os mais chegados. Mãe Stella, que já dedicou um livro a Oxóssi, diz que o desafio do candomblé é aprender a se relacionar com as forças da natureza.

“Nós não sabemos exatamente como é Oxóssi. Estas representações que temos - aponta para esculturas e quadros de sua sala de visitas - são interpretações dos artistas”. Na mitologia, continua, seu orixá é guerreiro, caçador e justo, pois só mata para comer.


Entrar para o clube dos imortais no mesmo dia de seu orixá deve ser, no mínimo, um bom sinal. “Espero que minha entrada seja para somar”, diz Mãe Stella, que acredita que, na atualidade, o principal desafio do candomblé é a seriedade. “Para quem vem ver e para quem vem participar. Você só tem respeito se respeitar”.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

França institui 15 "mandamentos" do laicismo em escolas públicas

A Carta do Laicismo, uma declaração de princípios, direitos e deveres republicanos composta por 15 "mandamentos", está pendurada desde o início desta semana em lugar bem visível nas mais de 55 mil escolas públicas francesas, embora cerca de 8.800 colégios privados e mistos - na maioria católicos - ficaram eximidos de exibi-la. A declaração, que será exposta desde o jardim de infância até o bacharelado junto ao lema da República (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) e à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, é uma das novidades da "refundação da escola republicana", a ambiciosa reforma educacional promovida por François Hollande e elaborada pelo ministro da Educação, Vincent Peillon, que foi aprovada em 8 de julho passado.
  
O objetivo da carta é reforçar o ensino do laicismo e a promoção da igualdade entre os alunos, embora o governo socialista tenha decidido adiar as aulas de moral laica e cidadã para 2015.

O texto, que salienta em seu artigo 14 a proibição de trajes ou distintivos religiosos "de forma ostensiva", provocou críticas de alguns setores da comunidade islâmica, que reúne 6 milhões de pessoas na França, porque considera que faz referências demais ao véu islâmico, proibido na França desde 2004.

"Muita gente tem uma representação errônea do laicismo", replicou o ministro Vincent Peillon ao apresentar a carta à imprensa; "para alguns alunos, o laicismo é hoje antes que mais nada uma proibição, uma ameaça, quando é justamente o contrário. O laicismo é o que permite a cada um construir sua própria liberdade, respeitando a dos demais."

A carta afirma em seu artigo primeiro que a França é uma república "indivisível, democrática, social e laica", que "garante a igualdade diante da lei de todos os seus cidadãos" e "respeita todas as crenças". O artigo 2º explica que "a República laica organiza a separação entre religião e Estado" e lembra: "Não existe uma religião de Estado". O terceiro estabelece que o laicismo "garante a liberdade de consciência": "cada um é livre para crer ou não crer e pode expressar livremente suas convicções".

O sexto mandamento lembra que o laicismo na escola "oferece aos alunos as condições para forjar sua personalidade, exercer seu livre-arbítrio e aprender cidadania", e os "protege de todo proselitismo e toda pressão que os impeça de fazer sua livre escolha". O sétimo garante a todos os estudantes "o acesso a uma cultura comum e compartilhada". A Carta do Laicismo também garante "a liberdade de expressão dos alunos" (artigo 8º), a "rejeição de todas as violências e discriminações" e "a igualdade entre meninas e meninos (artigo 9º), mas também obriga o pessoal escolar a "transmitir aos alunos o sentido e os valores do laicismo" (artigo 10º).

Os artigos 13 e 14 lembram aos estudantes os limites de sua liberdade: não podem "contestar os conteúdos do que lhes ensinam" nem "exibir ostensivamente símbolos ou trajes religiosos", nem faltar às aulas "alegando motivos religiosos ou políticos". O mais polêmico é o artigo 14, que afirma: "Nos centros públicos, as regras da vida nos diferentes espaços (...) respeitam o laicismo. É proibido usar signos ou artigos de vestimenta com os quais os alunos manifestem ostensivamente sua afiliação religiosa".

O presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano, Dalil Boubakeur, disse que esse artigo "se refere ao islã e lança um olhar oblíquo sobre a religião muçulmana", e expressou seu temor de que os muçulmanos da França se sintam "estigmatizados". Ao ser perguntado sobre a suposta islamofobia desse texto, o ministro socialista descartou que se refira a uma religião concreta. "Se equivocariam profundamente", afirmou Peillon. "O laicismo não se refere a uma religião em particular, porque exatamente põe todas em situação de igualdade. Na escola da República não se recebem pequenos muçulmanos, pequenos judeus, pequenos protestantes ou pequenos agnósticos, recebem-se alunos da República.

"As primeiras críticas de educadores e pais incidiram em que o texto não aborda as questões práticas relacionadas ao respeito pelo laicismo, como os cardápios dos refeitórios e as comemorações religiosas.

O defensor público francês, Dominique Baudis, decidiu que pedirá esclarecimentos ao Conselho de Estado sobre a aplicação das normas laicistas: "É urgente explicar as regras do jogo", afirmou, "sobretudo no que se refere a dois assuntos: os auxiliares voluntários, os acompanhantes ocasionais, como as mães, e os empregados do setor privado que trabalham nas creches subvencionadas pelo Estado".

Volta às aulas em números
Os objetivos da reforma educacional socialista, promulgada na França em 8 de julho, são permitir que os alunos aprendam mais, para que todos possam ter êxito, e formar os cidadãos do futuro. A França tem neste momento 12,2 milhões de alunos, 64.300 escolas públicas e privadas e 841.700 professores. Para o novo ano letivo, o governo contratou 8.200 novos professores e assinou 28 mil contratos subvencionados de auxiliares para três tarefas básicas: ajudar os diretores, reforçar as escolas com dificuldades e melhorar a atenção aos alunos incapacitados.

Com o fim de favorecer a volta das mães ao mercado de trabalho, a escolarização é antecipada para três anos e entra em vigor a semana de quatro dias e meio no primário. A reforma eleva o número de dias de colégio, que passará dos atuais 144 por ano (o mais baixo dos 34 países da OCDE) para 180. A novidade afetará este ano um em cada quatro escolares do primeiro grau, isto é, 1,3 milhão de alunos.

O Relatório Pisa de 2009 situa a França em 21º lugar no mundo em qualidade educacional, apesar de ter um dos sistemas mais caros. O custo por aluno de primeiro grau é de 5.870 euros, contra os 11.470 euros gastos no liceu geral e tecnológico.

DEVERES DO ALUNO REPUBLICANO

1. A França é uma República indivisível, laica, democrática e social, que respeita todas as crenças
2. A República laica organiza a separação entre religião e Estado. Não há religião de Estado
3. O laicismo garante a liberdade de consciência. Cada um é livre para crer ou não crer
4. O laicismo permite o exercício da cidadania, conciliando a liberdade de cada um com a igualdade e a fraternidade
5. A República garante o respeito a seus princípios nas escolas
6. O laicismo na escola oferece aos alunos as condições para forjar sua personalidade, os protege de todo proselitismo e toda pressão que os impeça de fazer sua livre escolha
7. Todos os estudantes têm garantido o acesso a uma cultura comum e compartilhada
8. A Carta do Laicismo também assegura a liberdade de expressão dos alunos
9. É garantida a rejeição das violências e discriminações e a igualdade entre meninas e meninos
10. O pessoal escolar é obrigado a transmitir aos alunos o sentido e os valores do laicismo
11. Os professores têm o dever de ser estritamente neutros
12. Os alunos não podem invocar uma convicção religiosa para discutir uma questão do programa
13. Ninguém pode rejeitar as regras da escola da República invocando sua afiliação religiosa
14. É proibido portar signos ou trajes com que os alunos manifestem ostensivamente sua afiliação religiosa
15. Por suas reflexões e atividades, os alunos contribuem para dar vida à laicidade no seio de seu centro escolar.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Vítimas de abusos sexuais pedem a Papa Francisco que João Paulo II não seja canonizado

João Paulo II

Organizações ligadas às vítimas de abusos sexuais no México apelaram ao Papa Francisco que vete o processo de canonização de João Paulo II. O grupo pede que o ex-pontífice polonês não seja considerado santo até o fim das investigações de pedofilia que o Comitê de Direitos Humanos da ONU faz ao Vaticano.

Um grupo de ativistas e acadêmicos mexicanos, inclusive, lançou uma campanha internacional contra a canonização de Karol Wojtyla com o argumento que ele encobriu casos de pedofilia e pederastia na sua época de pontífice.

Segundo informações da Agência Ansa, os ativistas afirmam que o papa Francisco deveria rever o processo de canonização até que a ONU (Organização das Nações Unidas) conclua se a Igreja Católica, como entidade, teve participação ou não nos processos de abusos contra crianças e adolescentes.

"O Pontificado de João Paulo II ficou marcado por uma crise provocada pelos milhares de casos de abusos sexuais de sacerdotes contra crianças", disse o ex-padre Alberto Athié, um dos maiores opositores à ordem Legionários de Cristo.


Há duas semanas, o Vaticano anunciou que o Papa Francisco decidiu aprovar uma lei que criminaliza qualquer abuso físico ou sexual a menores de idade. A Igreja Católica já considerava crime atos violentos contra crianças e adolescentes, no entanto, a lei não abrangia a cidade-estado do Vaticano, que tem sua própria legislação e onde centenas de pessoas têm residência fixa. A notícia veio um dia após o anúncio que a ONU enviou uma lista de questionamentos ao Vaticano sobre abusos sexuais de menores cometidos por padres católicos.