Escrevi recentemente o livro “Caminhos de Pedra”, que tem sido lançado em diversos locais e datas diferentes, como grupos, igrejas, espaços públicos e instituições ecumênicas em Salvador e no interior do Estado, à exemplo de Canudos. Tem sido uma experiência rica e emocionante para mim. O livro contém uma autobiografia, relatos de experiências e textos da vida pastoral e a minha inserção no mundo ecumênico e do diálogo inter-religioso.
Quero informar aos leitores desta coluna que começamos uma experiência nova: um programa de rádio, aos sábados, das 12h00 às 13h00, na Rádio Cruzeiro da Bahia, AM 590. Com o título de “Religião, Diversidade e Cidadania”, o programa tem como objetivo abranger todo o mundo religioso – e não somente a Igreja - em discussões de temas do cotidiano que repercutem na vida religiosa; também é preocupação demonstrar que a religião não deve ser instrumento de alienação e nem de exploração, mas de formação e construção da cidadania. Nestes três meses de apresentação, o programa tem abordado temas bem variados, como “Protestantismo Brasileiro”, “Intolerância Religiosa”, “Religião e Saúde Mental”, “Religião e Homossexualidade”, entre outros temas. É nosso desejo tornar o programa um espaço de discussão entre religião e sociedade.
Em janeiro foi comemorado em todo o país o “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”. Em Salvador as comemorações se revestiram de importância sem igual, com pronunciamentos, reuniões, passeatas e solenidades mais formais. Trata-se, o 21 de janeiro, de uma lei especial contra a intolerância religiosa, que é, sem sombra de dúvida, um crime perante a legislação brasileira e um pecado diante de Deus.
Em fevereiro a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, lançou a Campanha da Fraternidade sobre a saúde pública no Brasil. O tema “Fraternidade e Saúde Pública”, é instigante e merece ser abraçado por todas as religiões. Saúde, vale sempre repetir, não tem cor e nem filiação religiosa. A postura crítica da Igreja Católica sobre a saúde pública brasileira, inclusive com corte no orçamento da União, merece os aplausos e a solidariedade de todos nós.
Este primeiro trimestre de 2012 trouxe perdas. O assassinato, por um filho, do bispo anglicano Robinson Cavalcante e esposa, em Recife, chocou o mundo religioso cristão e toda a sociedade pernambucana. Robinson era também professor, político e escritor e foi assassinado a facadas por um filho adotivo, que residia nos Estados Unidos, e que havia regressado há poucos dias a Recife.
Uma outra perda considerável foi a de Milton Schwantes, considerado o maior teólogo biblista protestante do Brasil. Luterano, professor, pastor e escritor de obras famosas, traduzidas para outras línguas, era também conferencista solicitado por universidades e igrejas em várias partes do mundo. Morreu vítima de um câncer.
Assim, entre perdas e ações o mundo religioso vai girando, buscando ser relevante nos dias atuais, lutando contra as suas próprias contradições e se esforçando para que a convivência seja uma realidade.