Sobre o CEPESC

Salvador, Bahia, Brazil
CEPESC - Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão. Nasceu do sonho, da utopia e da luta pela criação de um entidade que refletisse, a partir da perspectiva cristã e no contexto da diversidade cultural, social e religiosa brasileira e da Bahia, o mundo dos nossos dias de um modo abrangente e total, ou seja, nas suas dimensões social, econômica, política, educacional e religiosa. Por isso, adotou o lema Dignidade e plenitude da vida e da criação. Organizada em 23 de novembro de 1996, é uma entidade de caráter cultural, educacional, social e religioso. Tem como objetivos estimular, fazer e divulgar pesquisas no campo político, econômico, social, cultural e religioso e realizar trabalhos de educação, sociais, culturais e religiosos. Contato: 3266-5526

sábado, 27 de julho de 2013

Papalorixá


Não foi só amor, humildade e sabedoria que o Papa Chico veio espalhar em nossos corações. A visita de Chico nos surpreende a cada minuto. Teve foto com a galera do Bope, subida no morro e discurso em palanque no campinho de futebol. O papa ainda rejeitou cachacinha e lamentou não ter tempo pro cafezinho.
Mas o que mais chamou minha atenção foi o jeitinho que o Papa encontrou pra se enturmar de vez com o povo brasileiro: sincretizando.
Para afastar as chuvas do Rio de Janeiro, Chico mandou oferecer uma dúzia de ovos para Santa Clara. Dudu Paes, que não é bobo nem nada, correu e mandou colocar uma cesta com os ovos aos pés da imagem da santa no Convento das Clarissas.
O resultado do "trabalhinho" foi essa manchete ensolarada: "Sol volta a aparecer no Rio após 'pedido especial' do Papa Francisco"

Ao contrário do que os colegas escreveram, o que o Santo Padre fez não foi bem um "pedido especial" para Santa Clara. Aqui no Brasil chamamos isso de ebó para Oyá!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

'Este é o papa da ruptura', afirma teólogo Leonardo Boff

O papa Francisco vai inaugurar uma nova era para a Igreja Católica durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Essa é a convicção do teólogo Leonardo Boff, que em 1992 deixou todos os cargos na igreja, após ser censurado pelo Vaticano.
Em entrevista na sua casa em Petrópolis (RJ), o teólogo elogiou Francisco, afirmando que ele é o papa da ruptura. "Essa é a palavra que Bento 16 e João Paulo 2º mais temiam. Eles acreditavam que a igreja tinha que ter continuidade", avaliou Boff.

O teólogo, um dos expoentes da Teologia da Libertação, disse acreditar que Francisco vai falar sobre os recentes protestos no Brasil. "Ele fez uma declaração corajosa em Roma, dizendo que os políticos têm que escutar os jovens na rua; que a causa dos jovens é legítima, justa e que estaria em conformidade com o evangelho."
Leonardo Boff
DW Brasil: No Rio de Janeiro, mais de um milhão de fiéis católicos vão se reunir e celebrar a fé durante a Jornada Mundial da Juventude. No século 21, o cristianismo ainda precisa da figura de um papa?
Leonardo Boff: Fundamentalmente não precisaria de um papa. A igreja poderia se organizar numa vasta rede de comunidades. Mas, à medida em que a igreja foi se transformando numa instituição e assumindo uma função política no Império Romano, ela assumiu também os símbolos do poder: o próprio nome "papa", que era exclusivo dos imperadores, e aquela capinha cheia de ouro, que só os imperadores podiam usar, mas que os papas todos usavam. Então, esse curso de uma igreja que tem uma função política dentro do Império Romano em decadência obrigava a igreja a ter um centro de referência. Francisco, quando ofereceram a ele aquela capinha, disse "O carnaval acabou, não quero isso".

Então, esse papa chegou para mudar?
Eu acho que esse é o papa da ruptura. Essa é a palavra que Bento 16 e João Paulo 2º mais temiam. Eles acreditavam que a igreja tinha que ter continuidade, portanto o Concílio Vaticano Segundo não poderia significar ruptura com o Primeiro. Mas não, agora há uma ruptura, a figura do papa não é mais a clássica, é outra. Francisco não começou com a reforma da cúria, começou com a reforma do papado.

O que você quer dizer com "reforma do papado"?
Na Europa vivem só 24% dos católicos. Na América Latina são 62%, e o restante está na África e na Ásia. Então hoje, o cristianismo é uma religião do Terceiro Mundo, que um dia teve origem no Primeiro Mundo. Acho que o papa Francisco vai criar uma dinastia de papas do Terceiro Mundo. Além disso, as nossas igrejas já não são mais igrejas de espelho, imitando as europeias; são igrejas fonte, criaram suas tradições, têm os seus mártires, seus mestres, suas formas de celebrar, têm suas teologias e profetas e figuras importantes, como dom Hélder Câmara e Óscar Romero. Essas igrejas estão dando vitalidade ao cristianismo.

Por que o senhor está tão otimista? Os problemas da Igreja Católica continuam: a exclusão dos divorciados, a discriminação dos homossexuais, a proibição de mulheres-sacerdotes...
O papa deu um exemplo claro. Ele soube que um pároco em Roma negou o batismo ao filho de uma mulher solteira. E o papa disse: "Esse padre está errado, porque não existe mãe solteira. Existe mãe e filho. E ela tem o direito de ver o filho batizado, porque a igreja tem que ter as portas abertas, pouco importa a condição moral da pessoa". E ele foi mais fundo ao dizer que não se pode inventar um oitavo sacramento, proibindo os fiéis que não se enquadrem na disciplina eclesiástica de participar da vida da igreja e dos sacramentos. Até agora, os temas de moral sexual, de moral familiar, de celibato e de homossexualidade eram proibidos de serem discutidos. Se um teólogo ou um padre discutisse esse assunto, era logo censurado. Agora, ele vai permitir a discussão.

No Brasil, nas últimas semanas, milhares de jovens foram às ruas protestar contra os políticos corruptos e os altos investimentos nos estádios de futebol. Qual é o recado que o papa vai dar aos jovens?
Ele fez uma declaração corajosa em Roma, dizendo que os políticos têm que escutar os jovens na rua; que a causa dos jovens é legítima, justa e que estaria em conformidade com o evangelho. Eu acho que ele vai fazer uma convocação crítica aos políticos, para que eles não sejam mais corruptos e passem a servir mais ao povo. E vai fazer um desafio aos jovens de continuar a transformação da sociedade, mas sem violência. E aí exclui todos esses vândalos que nos últimos dias mostraram uma violência absolutamente injustificável e estúpida.

O senhor disse que os programas sociais no Brasil "incluíram uma Argentina inteira na sociedade brasileira". Por que então as pessoas protestam contra o governo brasileiro?
Curiosamente, elas não são contra o PT, a Dilma ou o Lula. Elas mostram uma insatisfação geral com o Brasil que temos, que é um país com profundas desigualdades. São 5.000 famílias brasileiras que controlam 43% de toda a riqueza nacional. Além disso, o próprio PT atingiu o seu teto. Ou ele muda e refaz a sua relação orgânica com os movimentos sociais, ou ele se transforma num partido como os demais, que buscam o poder e acabam se corrompendo.

A classe média brasileira parece não estar gostando tanto dos programas de inclusão social do governo brasileiro. Ela foi deixada de lado?
Com Lula, os ricos ficaram mais ricos, e os pobres saíram da pobreza. Todo mundo ganhou. Eu creio que o governo do PT não fez só uma distribuição de renda, favorecendo os pobres, mas também fez uma redistribuição. Tirando de quem tem e passando para quem não tem. Só que ele não aplicou isso às grandes fortunas. Ele tirou da classe média, que ficou mais pobre.

O senhor acredita que os políticos vão atender ao recado do papa na Jornada Mundial da Juventude?
Eu acho que ele vai ser muito importante para a América Latina, porque o modo de ser dele vai reforçar as novas democracias, que nasceram na resistência aos militares e estão fazendo boas políticas sociais para os pobres, com inclusão. Então, ele tem uma função política importante. A Cristina Kirchner, que vivia em polêmica com ele, entendeu a lição e fez as pazes. Mas por quê? Porque o papa move multidões. Talvez ninguém no mundo hoje possa reunir um milhão de pessoas. Político nenhum, nem mesmo o Obama.

Mas a Igreja Católica perdeu poder e influência?
Institucionalmente, a igreja no Brasil está numa profunda crise. Pelo número de católicos, deveríamos ter 100 mil padres. Temos 17 mil. Criou-se um vazio, pelo qual entraram as igrejas pentecostais. E com razão. Como o povo é religioso, quem vem falar de Deus, ele [o povo] adere, porque indo para Deus, podemos somar sempre. Para batismo, casamento e enterro, é a Igreja Católica. Para saber o outro lado do mundo, ele vai para o espiritismo. Para as questões de sorte e amor, ele vai num centro de macumba. O povo não tem uma visão doutrinária, tem uma visão prática. É um supermercado religioso, com muitos produtos, e o povo vai se servindo.

Com Francisco, a Teologia da Libertação vai voltar?
Com este papa, ela vai ganhar visibilidade. Antes se dizia que a Teologia da Libertação era uma teologia marxista. Agora se diz que ela é uma teologia católica. Isso muda a atmosfera da igreja.

Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Igreja simples é arma do Papa para frear perda de fiéis


O ex-arcebispo de Buenos Aires, argentino e filho de imigrantes italianos, chega na segunda-feira ao país com o maior número de católicos do mundo (123 milhões), mas onde o número de evangélicos tem crescido fortemente nos últimos 30 anos.
A viagem do Papa Francisco não busca fazer proselitismo, mas seu desejo de aproximar os fiéis do Evangelho e de dar destaque ao lado social da Igreja pode diminuir a tendência segundo a qual o catolicismo brasileiro funciona como um "doador universal" para as outras famílias cristãs, especialmente as neo-pentecostais, dizem os especialistas.
"Limitar o crescimento evangélico não é seu objetivo (...) Francisco é um pastor, um Papa mais humilde (...) que recupera uma Igreja coerente com os valores fundamentais do Evangelho" e que se opõe "à Igreja do esplendor, da doutrina portadora da verdade" das últimas décadas, declarou à AFP Faustino Teixeira, professor de Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (sudeste) .
Durante seus sete dias no Brasil, o Papa visitará uma favela, um hospital para tratamento de dependentes químicos e estará em comunhão com 1,5 milhão de jovens peregrinos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
O pontífice quer se apresentar como o "Papa do povo, próximo das pessoas", de acordo com fontes ligadas à organização da JMJ.
"O Papa não vem fazer proselitismo contra outros grupos religiosos", a sua intenção é defender "o aspecto social da Igreja", é "voltar para a igreja original, para fortalecer a Igreja Católica", disse Ivan Esperança Rocha, historiador e especialista em religião da Universidade de São Paulo.
Cerca de 123 milhões de brasileiros se declararam católicos em 2010, ou seja, 64,6% da população contra 91,8% em 1970, de acordo com os últimos dados do censo.


Fonte: Yahoo


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Povo é quem fará a segurança do papa Francisco, diz ministro




Ciente do risco de protestos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou nesta quarta-feira (17) que será o "povo" quem vai fazer a segurança do papa Francisco, que chega na próxima semana ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
Gilberto Carvalho afirmou ainda que o governo está trabalhando "em sintonia" com a Gendarmerie, guarda responsável pela segurança da Santa Sé para atender aos pedidos do papa. "Não faremos nada que não agrade ao papa, que entre em desacordo com o papa", garantiu.
Além de ordenar uma redução do esquema de segurança, Francisco pediu também para desfilar num carro aberto. "Nós entendemos que é um gesto de aproximação dele com a população, mas alertamos para riscos que podem ocorrer", explicou o ministro.
A menos de uma semana da chegada do papa, o medo de manifestações e a preocupação com a segurança podem alterar a agenda do pontífice que vai passar pelo Rio e Aparecida.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, e Gilberto Carvalho conversaram por telefone para tratar da visita do papa. Segundo o ministro, um possível confronto entre católicos e manifestantes não preocupa. "Sérgio está preocupado com a logística toda que é muito maluca", afirmou.
Como cabe ao Brasil garantir a segurança de chefes de Estado que visitam o país, o governo discute com o Vaticano possíveis alterações de rotas e redução de deslocamentos terrestre.

"Nós estamos, claro, tomando todos os cuidados do ponto de vista da logística e da segurança, mas com muita tranquilidade, tanto no aspecto de segurança como com de ocorrência de manifestação. A grande segurança do papa será feita pelo povo brasileiro e pela juventude do mundo inteiro que vem", disse.

Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 16 de julho de 2013

Igreja Universal avança sobre império de Valdemiro Santiago




A palavra "ataque", nesse caso, faz muito jus à estratégia que a Universal de Edir Macedo escolheu para tentar destruir, ao menos reduzir de tamanho, aquela que é considerada a principal concorrente na busca por almas generosas, dispostas a ouvir os sermões, frequentar os templos e principalmente, ser generoso com o dízimo periódico e com as campanhas de arrecadação extra-dízimo, que boa parte das evangélicas, como Universal e Mundial, têm.
Duas semanas atrás o ataque começou. Valdemiro tinha a vantagem de opção da compra na rede paranaense CNT de televisão. Até o último segundo do negócio ele avisou que estava levantando fundos para a compra milionária, mas a Mundial falhou em levantar o dinheiro e em achar sócios.
Menos de 24 horas depois a Universal comprou 12 horas diárias de toda a rede CNT, na qual exibe sua ladainha religiosa.
O mesmo estaria ocorrendo na Band e no canal 21. Algumas prestações atrasadas caíram nos ouvidos da cúpula da Universal, que correu informar à Band que, se a Mundial "pisar na bola", a igreja de Macedo tem o maior interesse em preencher os horários.
A guerra está se dando nas rádios de todo o país também: emissários de Macedo têm percorrido o país todo atrás de rádios que estejam em crise devido à falta de pagamentos de Valdemiro. Nesses casos, as rádios têm direito de rescindir o contrato. E é isso que elas estão fazendo. A Universal substitui tudo, e paga melhor, para alegria de donos de pequenas rádios, que não hesitam em fazer a troca.
Por que a Mundial está atravessando uma crise de gestão? Bem, fontes ouvidas por esta coluna junto a dois de seus membros-funcionários, acreditam que a culpa é da pressa que Valdemiro teve e tem de expandir a igreja. É consenso que o carismático líder tem como meta uma expansão até ultrapassar a Universal em templos. O problema é que Valdemiro está fazendo isso de uma forma temerária e com pouco planejamento. Daí o fato de já ter vendido até propriedades e bovinos, no ano passado, para bancar centenas de dívidas que estavam vencendo ao mesmo momento.
O desejo de destruir o império de Santiago é tão grande que a Universal, se preciso, vai se desfazer de concessões de rádios que tem pelo Brasil adentro, quando estiverem em cidades que não têm presença forte da mundial.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Palavra da Igreja Evangélia Antioquia sobre as manifestações populares no Brasil

BOLETIM DOMINICAL EM 14 DE JULHO DE 2013
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Manifestações populares no Brasil atual




Neste ano de 2013, a nação brasileira foi surpreendida com uma reação inesperada de sua  população, que até então era classificada sob o aspecto político como “símbolo de passividade” no quesito participação nas decisões políticas dos governos.

Tendo como origem o movimento pelo passe-livre, as manifestações populares tomaram as ruas de todo o país, quando pessoas de várias idades, classes sociais, religiões e ideologias tomaram as ruas munidas de cartazes, nos quais continham frases cobrando mudanças das políticas sociais, das leis, das posturas dos políticos, além de palavras de ordem e expressões como: “O gigante acordou”, “Chega de corrupção”, “Mensaleiros na cadeia”, “Fora Fifa”, “Não queremos estádios, queremos escolas, hospitais e transporte de qualidade”, entre muitos outros.

O Congresso Nacional em Brasília foi cercado por populares; grandes cidades foram paralisadas; as mídias nacionais e internacionais deram grande destaque às manifestações; a Presidente da República foi vaiada em plena abertura da Copa das Confederações; o governo realizou reuniões de emergência e pronunciamento ao país em rede nacional, na tentativa de dar uma resposta às vozes das ruas; projetos de lei e projetos de emenda constitucional de interesse popular, há anos parados no Congresso, entraram na pauta e foram votados; a classe política se assustou com a manifestação do povo nas ruas; a governabilidade e estabilidade política ficaram sob olhares cuidados dos donatários do poder; os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário se manifestaram e o país passou por momentos de grande ebulição popular com ênfase na democracia popular cobrada nas ruas.

Um fato determinante desse momento político foi a importância das redes sociais, em especial o facebook, no planejamento e execução das manifestações, fato este, que levou analistas sociais a enaltecerem a participação da classe média na condução das passeatas, caminhadas e protestos em geral. Mas num segundo momento foi verificado que as parcelas mais pobres da população também se encontravam nas ruas cobrando políticas de inclusão social e um olhar mais atencioso por parte do governo para as comunidades carentes, a exemplo das favelas da Rocinha e do Vidigal, no Rio de Janeiro, que foram cobrar do governador Sérgio Cabral a presença do Estado em suas comunidades, com segurança, educação, saúde, participação popular nas obras do PAC, entre outras demandas.

Não se pode deixar passar em branco, o enfrentamento das manifestações populares pelo Estado, através do seu braço armado (as Polícias Militares estaduais, as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança) quando foi feito o uso de repressão violenta com armas de combate a conflitos sociais (balas de borracha, bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo, cachorros treinados, cavalaria, spray de pimenta etc). Tais confrontos ganharam uma expressão violenta por parte do aparato policial estatal, gerando como conseqüência a reação, também violenta, por parte de grupos de manifestantes, quando foi constatado quebra-quebra de lojas, de monumentos históricos, de igrejas, queima de veículos (carros, ônibus, motocicletas), além de armas improvisadas como coquetel molotov e fogos de artifício. Dezenas de pessoas foram presas e muitas saíram feridas dos embates entre o povo e a polícia.
Hoje, portanto, pretende-se discutir e avaliar as conseqüências das manifestações populares. O povo realmente acordou ou foi um momento atípico que contagiou uma parcela da população sem sinais de continuidade? A classe política atual reagiu de forma que se possa esperar mudanças significativas na condução das demandas populares ou as reações vistas até aqui, apenas tiveram a intenção de acalmar os ânimos populares? Como comunidades religiosas similares a Antioquia poderiam participar de forma significativa no momento político atual?  A palavra agora é nossa!


Fernando Carneiro.

A reunião começou ás 10h40, na ocasião os participantes de Antioquia discutiram sobre o  Tema: "As manifestações populares no Brasil, na atualidade."
Abaixo encontra-se a opinião dos seguintes membros : Djalma Torres, Fernando Carneiro, Ana Lígia Lima, Vera Galeno, Gabriela Galeno, Graziela Galeno, Nailton Lantier, Fabrício Torres, Maria Fernanda, Olusivone Torres, Valdomiro Mota e Cláudio Sena.


Falas (Sínteses):

Nailton Lantier

Defendeu que as igrejas sofrem o processo sociológico de multidão, perdendo suas personalidades e tendendo a seguir o espírito da massa (maioria).
Citou a marcha “Deus e a Família” ocorrida em 1964, antes da deflagração do golpe militar, fazendo comparação com a “Marcha pra Jesus” a qual tem como organizador principal o pastor evangélico Silas Malafaia, que em sua última edição, em São Paulo, transformou-se em um movimento contra a PEC 122 (Proposta de Emenda Constitucional que trata dos direitos do público LGBT), considerada abusiva por parte dos evangélicos conservadores porque feriria a liberdade de expressão nas pregações religiosas, segundo o movimento ordenado por Malafaia.
Sugeriu que a inquietação (atos de violência) verificada nas manifestações populares teria sido fruto da infiltração de membros de organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho, nos grupos de manifestantes, podendo ser consideradas essas organizações criminosas, também como um “movimento social paralelo”, o qual teria sua própria ética, um tipo de “ética negativa”, mas uma ética própria, oposta à ética defendida pela sociedade.
Também defendeu que os governos, ao longo do tempo, teriam negligenciado o investimento em educação, importante para a conscientização política do povo, lembrando ainda, o discurso realizado na ONU, da garota paquistanesa que sofrera violência e tentativa de assassinato, simplesmente pelo fato de defender o direito à educação de mulheres em seu país. No referido discurso, a necessidade de educação a todos teria recebido o maior destaque, como condição para a dignidade da pessoa humana.
Lembrou também, que todos deveriam ficar atentos às influências dos grupos criminosos nas manifestações populares, pois tais manifestações retornariam durante as campanhas eleitorais futuras.
Alertou que frente às consequências das manifestações populares recentes, o ex-presidente Lula já estaria trabalhando na sucessão da presidente Dilma, a qual teria ficado com a popularidade muito abalada pelo movimento das ruas.
Por fim, defendeu os gastos públicos de aproximadamente 140 milhões de reais na Jornada da Juventude (evento católico previsto para acontecer no Rio de Janeiro com a presença do papa Francisco), recursos aqueles que seriam destinados aos preparativos de um grande evento internacional de alta complexidade, quando o governo brasileiro não poderia deixar de dar suporte, por força da imensa multidão que everá participar.

Fabrício Torres

Lembrou que os gestores políticos de todos os níveis (federal, estadual e municipal) teriam sido os que mais teriam sofrido desgastes com as manifestações populares, tanto os componentes da base do governo como os da oposição. Todos, inicialmente, teriam reagido igualmente, classificando as manifestações como “vandalismos”, mas que em um segundo momento, convencidos da complexidade do momento político teriam mudado o discurso e reconhecido o movimento como legítimas vozes do povo.
Citou o livro de Manoel Castels, intitulado Sociedade em Rede, onde o autor descreveria as manifestações populares como a “insatisfação da sociedade com uma gama de fatores” rebatendo assim, as conclusões que apontariam as manifestações atuais no Brasil como resultado da insatisfação com causas específicas de grupos, a exemplo das reivindicações do passe livre, lembrando o slogan “Não é só pelos R$ 0,20”. O Movimento do Passe Livre teria sido apenas o estopim de uma série de reivindicações da sociedade.
Lembrou ainda, que a população teria estrategicamente escolhido o período da realização da Copa das Confederações para se manifestar, aproveitando que o mundo estaria de olho no Brasil e que qualquer fato geraria repercussão internacional . 
Defendeu que a ocasião dos protestos teria sido ideal para a sociedade brasileira mostrar ao mundo, com todas as letras, que o Brasil seria um país de contrastes gritantes, ao contrário da propaganda do governo e da FIFA que mostraria com as imagens dos estádios “padrão-fifa”, uma realidade mentirosa.
Denunciou ainda, que os governos Lula e Wagner teriam realizado obras estruturais faraônicas que teriam beneficiado apenas as grandes construtoras, deixando o povo com as mesmas carências de antes, citando a nível federal as obras de transposição do Rio São Francisco que já teriam consumido bilhões de reais e continuariam inacabadas, causando prejuízos bilionários aos cofres públicos, pois antes do término já precisariam ser reconstruídas, além de não terem beneficiado um único cidadão do semiárido nordestino. No nível estadual citou as obras da Rótula do Abacaxi, em Salvador, que a pesar de que já estariam sendo usadas pela população, não teriam trazido o efeito desejado e parte delas encontrar-se-iam inacabadas, sendo exemplos de obras eleitoreiras.
Lembrou ainda, uma afirmação de Caetano Veloso quando o mesmo teria dito que na Bahia tudo que se pareceria com construção já seria ruína.
Por fim, defendeu a ideia de que no Brasil haveria apenas democracia de direito (que estaria apenas no papel), pois não haveria democracia de fato, ou seja, democracia na prática.

Vera Galeno

Defendeu que a rede globo teria inicialmente dado ênfase apenas às manifestações ocorridas no eixo Rio-São Paulo-Brasília, pouco noticiando as manifestações aqui na Bahia e no restante do Brasil. Também teria a globo enfatizado as mobilizações sociais com causa única, que teria sido o aumento de preço das passagens de ônibus, defendido pelo Movimento Passe Livre desconsiderando, portanto, as diversas reclamações e reivindicações levadas às ruas numa gama de cartazes e faixas referentes à educação, saúde, segurança, transporte de qualidade, ética na política, punição aos corruptos, moralidade na política, entre tantos outros temas.
Por fim, lembrou de um depoimento emocionante que teria assistido na TV, de um senhor de 72 anos de idade que teria se mostrado emocionado com a ação dos jovens à frente das manifestações, quando teria declarado, o entrevistado, que a partir daquele momento estaria mais confiante nas mudanças positivas para sociedade, pois os jovens teriam despertado para a democracia.

Djalma Torres

Leu um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, em 07 de julho de 2013, de autoria da jornalista Eliane Catanhede, intitulado de “Assombração” referindo-se a Lula e Dilma e a falta de ética no poder.
Destacou um comentário feito em uma reunião do Grupo Primo (uma comunidade ecumênica de Salvador), por Ernesto Botazz, um professor universitário, italiano e radicado no Brasil, onde este teria afirmado que no período das manifestações populares encontrava-se na Itália e teria, na ocasião, verificado que nem a Copa das Confederações, nem a derrota da Itália teriam tido tanta repercussão, tanto na Itália como em toda a Europa, como as notícias das manifestações populares que teriam ocorrido paralelamente aos jogos daquele evento esportivo.
Em seguida, discordou dos gastos públicos do governo brasileiro com a Jornada mundial da Juventude, evento católico de cunho internacional no qual teria a presença do papa Francisco, previsto para acontecer no Rio de Janeiro no final do mês de julho de 2013, que estariam orçados gastos de 140 milhões de reais, aproximadamente.
Afirmou ainda, que nos governos Lula e Dilma os movimentos sindicais teriam perdido a característica de reivindicações de causas de interesse dos trabalhadores, mostrando-se numa eterna inércia frente às reivindicações populares e que, provavelmente estariam em condição de submissão aos interesses dos governos do PT e da iniciativa privada.
Destacou a situação escandalosa das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), nos quais após gastos de bilhões de reais, os canais da transposição do rio São Francisco, por exemplo, estariam rachados necessitando de reconstrução, evidenciando portanto, a ineficiência do governo e ainda, o descaso com o dinheiro público.
Citou ainda, o escândalo que envolveria o governo federal e alguns governos estaduais, com o empresário brasileiro e bilionário Eike Batista, o qual a revista norte-americana Forbes teria dito ser aquele empresário o homem mais rico do Brasil. Eike seria beneficiário de políticas de investimento do governo federal, a exemplo da concessão de exploração econômica de petróleo e ainda, teria sido citado pela presidente Dilma como exemplo de empresário no Brasil. No nível estadual Eike teria sido beneficiado pelo governo do Rio de Janeiro, através do governador Sergio Cabral na concessão dos direitos de exploração econômica do estádio do Maracanã, obra na qual teria tido a licitação para a reforma, vencida por um consórcio do qual Eike seria sócio. Lembrou ainda, que o BNDS teria emprestado mais de 12 bilhões de reais a Eike e que, no momento atual, o empresário estaria falido, sugerindo portanto, um prejuízo bilionário aos cofres públicos.
Logo após, lembrou que a construtora Odebrecht teria questionado o fato de o novo estádio de Recife ter sido construído em uma área distante da cidade e de difícil acesso. Relatou que as terras onde o estádio teria sido construído seriam de propriedade da construtora que teria erguido a arena, ficando evidenciado, portanto, os reais motivos da escolha do local, pois em data futura a construtora vencedora construiria condomínios residenciais e assim, lucraria duas vezes com a obra.
Também denunciou que a prefeitura de Salvador (com ACM Neto) teria contratado um programa de educação por 12 milhões de reais, o qual teria sido questionado pelo Ministério Público, por irregularidades na contratação.
Citou ainda, o escândalo com o uso por parte de políticos para atender a interesses pessoais, dos aviões da FAB, como teria acontecido com o presidente da Câmara de Deputados e com o presidente do Senado Federal.
Foi de acordo que os líderes evangélicos pentecostais fundamentalistas a exemplo de Silas Malafaia, Marco Feliciano, Valdomiro Santiago, Edir Macedo, entre outros, deveriam ir para a cadeia, pois estariam desvirtuando a imagem das instituições evangélicas e sendo coniventes e submissos com o poder constituído, deixando de observar a ética e a moralidade na política, por simples vontade de poder. Lembrou ainda, que o povo não veria com bons olhos os discursos fundamentalistas evangélicos, como teria mostrado nas manifestações um incisivo repúdio à posturas reacionárias, como exemplo teria uma das expressões comuns nos protesto que seria “Feliciano não me representa”, sem contar que teria ficado constatada a diminuição do número de participantes na última edição da Marcha pra Jesus, que teria encolhido cerca de 40% (quarenta por cento). 
Defendeu que a insatisfação com a classe política e com a condução das políticas sociais do governo seria geral e que enquanto comunidade religiosa, Antioquia deveria acordar. A igreja deveria ir às ruas com um discurso sadio a cerca de um Deus com ética e com um compromisso com a sociedade.
Citou por fim, o exemplo da cidade de Canudos que teria se tornado independente sob o controle de ACM e que mais tarde teria experimentado abusos de poder político, ocasião em que teria se revoltado com a situação e num determinado momento, a juventude canudense de maioria católica, teria conseguido realizar uma revolução política desbancando do poder, nas urnas, os antigos donatários, conseguindo eleger um representante da oposição.

Valdomiro Mota

Lembrou que a comunidade antioquiana poderia representar alternativas, no sentido de denúncias a cerca dos abusos das igrejas pentecostais de discurso fundamentalista.
Lembrou, sobre os movimentos estudantis, que a maior parte dos movimentos nacionais teriam tido origem no Estado da Bahia e que seria uma tradição dos baianos, exemplificando a campanha das “Diretas já”.
Sobre os desdobramentos das manifestações ressaltou que não seria inusitado e sim normal, a mudança das posturas dos governos frente à pressão das ruas, acreditando que a classe política teria sofrido uma balançada.
Defendeu, por fim, que teria sido extremamente oportuna e necessária uma maior participação de lideranças religiosas nas manifestações (padres, pastores etc), assim como de lideranças estudantis, líderes de associações de bairro, ONGs, etc. Tais instituições seriam indispensáveis para a defesa da dignidade da vida. Haveria carência na sociedade, de pessoas e líderes imbuídos e defensores da ética e que as instituições deveriam se fortalecer. Também defendeu que seria preciso despertar novas lideranças defensoras da justiça social e que tal postura deveria ser adotada pelas igrejas comprometidas com a mensagem evangélica.


Ana Lígia Lima

Defendeu que não seriam somente a religião e as igrejas as responsáveis pela alienação do povo, pois o mercado do entretenimento seria um dos maiores vilões, citando shows de música, futebol, carnaval, entre outros.
Criticou o discurso no qual coloca as pessoas das igrejas como alienadas e lembrou que é das igrejas que sairiam grande parte das principais lideranças populares, citando pastorais ligadas a movimentos e causas populares e alguns grupos evangélicos de formação teológica.

Cláudio Sena

Lembrou que a igreja teria nascido como uma força de resistência que teria instalado um novo pensamento que transformaria a vida das pessoas, mas que hoje estaria mergulhada no interesse econômico e no poder.
Afirmou que ninguém da frente parlamentar evangélica teria tido a ousadia de criticar a corrupção dos governos Dilma e Lula.
Citou Max Weber, que teria associado o espírito protestante à busca pelo poder e riqueza.
Quanto à moralidade cristã, esta estaria voltada para a sexualidade alheia esquecendo-se da falta de ética nas relações humanas, da corrupção, das injustiças sociais e dos desvios do poder.
Por fim, colocando-se como representante protestante, fez uma análise pessimista acerca da relação ética cristã-evangélica diante do cenário político atual, pois a igreja estaria calada diante das injustiças que seriam realizadas sob as bênçãos do poder, por tal motivo não sentiria naquele momento nenhuma vontade de se submeter a uma ordenação.

Olusivone Torres

Declarou que estaria feliz em presenciar as manifestações populares pelo fato que as mesmas teriam grande participação de jovens iniciadores do movimento que também teria acordado nas pessoas outros sentimentos relativos à democracia e cidadania, uma vez que já seria notória a apatia da juventude brasileira nos últimos tempos.
Parabenizou a juventude por ter acordado, a pesar de saber que foi constatado que grupos de jovens ainda não comprometidos com as causas reivindicadas estariam se aproveitando das manifestações para outros fins.
Por fim, defendeu o movimento insurgente, que lutaria pelo voto nulo. Tal movimento se fundamentaria na idéia garantida na lei eleitoral de que, caso 50% dos votos fossem nulos a eleição teria que ser anulada e convocada outra eleição para meses depois, sendo que os políticos mantidos no poder com a anulação não poderiam concorrer, o que representaria uma revolução nas urnas.

Gabriela Galeno

Relatou que teria participado das manifestações pela primeira vez e que teria tido uma experiência muito positiva. Descreveu sua participação na manifestação em frente ao Shopping Iguatemi em Salvador, exaltando a mobilização dos jovens pelo facebook e a organização das lideranças no momento da concentração e preparação para o protesto, que teria tomado proporções inesperadas pela organização. Teria ficado entusiasmada com a força do movimento e as repercussões e consequências daquela ação política democrática e cidadã.
Já na segunda participação, cuja concentração foi na Praça do Campo Grande, também em Salvador, teria tido uma outra experiência pois naquela última teria havido confronto com a polícia e muita confusão e, pela primeira vez teria tido contato com as bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
Outro fato que relatou foi a percepção que grupos de jovens infiltrados entre os manifestantes teriam outras finalidades como a de radicalizar os protestos com atos de vandalismo, mas que a maioria esmagadora dos manifestantes teriam a intenção de manter o caráter pacífico do ato político.

Graziela Galeno

Defendeu a idéia que já estaria passando da hora dos jovens acordarem e tomarem a frente de ações como aquelas manifestações. Tais protestos teriam trazido estímulos aos jovens que teriam descoberto a sua força e capacidade de realizar mudanças na sociedade, pois os resultados teriam sido imediatos e bem notórios.

Maria Fernanda

Colocou seus questionamentos sobre as ações dos políticos na cidade de Salvador e no Brasil, pois os políticos se candidatariam com a finalidade utilizar os cargos em proveito próprio e não com a finalidade de beneficiar o povo.
Defendeu que as manifestações não deveriam parar e que o povo deveria continuar com as reivindicações nas ruas, pois muita coisa ainda precisaria mudar na cidade.
Lembrou que a mídia e o governo só lembrariam do Brasil nas regiões do Rio e São Paulo e que o resto do país estaria condenado a danar-se. Que fora Rio e São Paulo todo o resto do país estaria abandonado.
Por fim, afirmou que o governo deveria investir para que o Brasil fosse um país de iguais, sem desigualdades e que a corrupção seria o grande mal da sociedade e da classe política.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

49% do banco Renner, de Porto Alegre pertence a Edir Macedo




Quatro anos depois do anúncio do negócio, o governo confirmou a compra de parte de um banco pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal.

Decreto da presidente Dilma Rousseff, do início da semana passada, liberou a compra de 49% do banco Renner, de Porto Alegre (RS), pelo grupo Record (emissora de TV de propriedade da Universal).

Figuram como compradores do banco o bispo Edir Macedo e sua mulher. Segundo o Banco Central, os dois têm domicílio no exterior. Por isso o decreto de Dilma autoriza "participação estrangeira" na operação. Os "estrangeiros" são Macedo e sua mulher.

"Os controladores do Banco A.J. Renner S.A., com sede em Porto Alegre, negociaram parte de suas ações com a empresa B.A. Empreendimentos e Participações Ltda., que é controlada pela empresa Rádio e Televisão Record S.A., cujos sócios, Sr. Edir Macedo Bezerra e esposa, têm domicilio no exterior", informa nota do BC.

As regras determinam que a Presidência da República se manifeste antes da aprovação do negócio pelo BC, no caso de participação de estrangeiros no sistema financeiro nacional.


O controle acionário do banco continua com a família Renner. Em 2009, o anúncio foi que a Record compraria 40% do banco, mas o BC disse que houve "ajustes" entre as partes e, por isso, o percentual passou a 49%.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Deputado tucano desiste de 'cura gay'; Feliciano ameaça retomar proposta em 2015


A proposta batizada de "cura gay" foi retirada da pauta da Câmara dos Deputados após decisão tomada na reunião de lideranças partidárias da Casa realizada nesta terça-feira (2). O deputado tucano João Campos (GO) foi pressionado pelo PSDB e decidiu engavetar o projeto. A informação foi confirmada pela assessoria do parlamentar.

Pelo Twitter, o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa e defensor do projeto, afirmou que proposta foi inviabilizada após o PSDB, partido de Campos, ter se declarado contrário à medida. "Parabéns a decisão tomada pelo @depjoaocampos em retirar o PDC 234 de tramitação.O PSDB seu partido inviabilizou qdo notificou ser contra", declarou o pastor.

Também na rede de microblogs, o pastor prometeu retomar a proposta na próxima legislatura (2015-2018), quando, segundo ele, a bancada evangélica será ainda mais numerosa.

"O PDC não foi arquivado, mas retirado, e pode voltar. E voltará na próxima legislatura quando teremos um número maior de deputados evangélicos", tuitou Feliciano.
"Essa perseguição de parte da midia e dos ativistas nos fortaleceu, e nosso povo acordou. Nos aguarde em 2015! Viremos com força dobrada", acrescentou o pastor.

Polêmico, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC 234/11), apelidado de "cura gay", altera resoluções do Conselho Federal de Psicologia que proíbem que profissionais participem de terapias para alterar a identidade sexual do paciente ou que tratem a homossexualidade como doença.

A proposta foi aprovada na Comissão de Direitos Humanos no último dia 18. Desde que entrou na pauta da comissão, a medida foi alvo de protestos da comunidade LGBT e de ativistas que a acusam de homofóbica.