BOLETIM
DOMINICAL EM 14 DE JULHO DE 2013
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Manifestações
populares no Brasil atual
Neste
ano de 2013, a nação brasileira foi surpreendida com uma reação inesperada de
sua população, que até então era
classificada sob o aspecto político como “símbolo de passividade” no quesito
participação nas decisões políticas dos governos.
Tendo
como origem o movimento pelo passe-livre, as manifestações populares tomaram as
ruas de todo o país, quando pessoas de várias idades, classes sociais,
religiões e ideologias tomaram as ruas munidas de cartazes, nos quais continham
frases cobrando mudanças das políticas sociais, das leis, das posturas dos
políticos, além de palavras de ordem e expressões como: “O gigante acordou”,
“Chega de corrupção”, “Mensaleiros na cadeia”, “Fora Fifa”, “Não queremos
estádios, queremos escolas, hospitais e transporte de qualidade”, entre muitos
outros.
O
Congresso Nacional em Brasília foi cercado por populares; grandes cidades foram
paralisadas; as mídias nacionais e internacionais deram grande destaque às
manifestações; a Presidente da República foi vaiada em plena abertura da Copa
das Confederações; o governo realizou reuniões de emergência e pronunciamento
ao país em rede nacional, na tentativa de dar uma resposta às vozes das ruas;
projetos de lei e projetos de emenda constitucional de interesse popular, há
anos parados no Congresso, entraram na pauta e foram votados; a classe política
se assustou com a manifestação do povo nas ruas; a governabilidade e
estabilidade política ficaram sob olhares cuidados dos donatários do poder; os
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário se manifestaram e o país passou por
momentos de grande ebulição popular com ênfase na democracia popular cobrada
nas ruas.
Um
fato determinante desse momento político foi a importância das redes sociais,
em especial o facebook, no planejamento e execução das manifestações, fato este,
que levou analistas sociais a enaltecerem a participação da classe média na
condução das passeatas, caminhadas e protestos em geral. Mas num segundo
momento foi verificado que as parcelas mais pobres da população também se
encontravam nas ruas cobrando políticas de inclusão social e um olhar mais
atencioso por parte do governo para as comunidades carentes, a exemplo das
favelas da Rocinha e do Vidigal, no Rio de Janeiro, que foram cobrar do
governador Sérgio Cabral a presença do Estado em suas comunidades, com
segurança, educação, saúde, participação popular nas obras do PAC, entre outras
demandas.
Não
se pode deixar passar em branco, o enfrentamento das manifestações populares
pelo Estado, através do seu braço armado (as Polícias Militares estaduais, as Forças
Armadas e a Força Nacional de Segurança) quando foi feito o uso de repressão
violenta com armas de combate a conflitos sociais (balas de borracha, bombas de
efeito moral, bombas de gás lacrimogêneo, cachorros treinados, cavalaria, spray
de pimenta etc). Tais confrontos ganharam uma expressão violenta por parte do
aparato policial estatal, gerando como conseqüência a reação, também violenta,
por parte de grupos de manifestantes, quando foi constatado quebra-quebra de
lojas, de monumentos históricos, de igrejas, queima de veículos (carros,
ônibus, motocicletas), além de armas improvisadas como coquetel molotov e fogos
de artifício. Dezenas de pessoas foram presas e muitas saíram feridas dos
embates entre o povo e a polícia.
Hoje,
portanto, pretende-se discutir e avaliar as conseqüências das manifestações
populares. O povo realmente acordou ou foi um momento atípico que contagiou uma
parcela da população sem sinais de continuidade? A classe política atual reagiu
de forma que se possa esperar mudanças significativas na condução das demandas
populares ou as reações vistas até aqui, apenas tiveram a intenção de acalmar
os ânimos populares? Como comunidades religiosas similares a Antioquia poderiam
participar de forma significativa no momento político atual? A palavra agora é nossa!
Fernando
Carneiro.
A reunião começou ás 10h40, na ocasião os participantes de Antioquia discutiram sobre o Tema: "As manifestações populares no Brasil, na atualidade."
Abaixo encontra-se a opinião dos seguintes membros :
Djalma Torres, Fernando Carneiro, Ana Lígia Lima, Vera Galeno, Gabriela Galeno,
Graziela Galeno, Nailton Lantier, Fabrício Torres, Maria Fernanda, Olusivone
Torres, Valdomiro Mota e Cláudio Sena.
Falas
(Sínteses):
Nailton
Lantier
Defendeu
que as igrejas sofrem o processo sociológico de multidão, perdendo suas
personalidades e tendendo a seguir o espírito da massa (maioria).
Citou
a marcha “Deus e a Família” ocorrida em 1964, antes da deflagração do golpe
militar, fazendo comparação com a “Marcha pra Jesus” a qual tem como
organizador principal o pastor evangélico Silas Malafaia, que em sua última
edição, em São Paulo, transformou-se em um movimento contra a PEC 122 (Proposta
de Emenda Constitucional que trata dos direitos do público LGBT), considerada
abusiva por parte dos evangélicos conservadores porque feriria a liberdade de
expressão nas pregações religiosas, segundo o movimento ordenado por Malafaia.
Sugeriu
que a inquietação (atos de violência) verificada nas manifestações populares
teria sido fruto da infiltração de membros de organizações criminosas como o
PCC e o Comando Vermelho, nos grupos de manifestantes, podendo ser consideradas
essas organizações criminosas, também como um “movimento social paralelo”, o
qual teria sua própria ética, um tipo de “ética negativa”, mas uma ética
própria, oposta à ética defendida pela sociedade.
Também
defendeu que os governos, ao longo do tempo, teriam negligenciado o
investimento em educação, importante para a conscientização política do povo,
lembrando ainda, o discurso realizado na ONU, da garota paquistanesa que
sofrera violência e tentativa de assassinato, simplesmente pelo fato de
defender o direito à educação de mulheres em seu país. No referido discurso, a
necessidade de educação a todos teria recebido o maior destaque, como condição
para a dignidade da pessoa humana.
Lembrou
também, que todos deveriam ficar atentos às influências dos grupos criminosos
nas manifestações populares, pois tais manifestações retornariam durante as
campanhas eleitorais futuras.
Alertou
que frente às consequências das manifestações populares recentes, o
ex-presidente Lula já estaria trabalhando na sucessão da presidente Dilma, a
qual teria ficado com a popularidade muito abalada pelo movimento das ruas.
Por
fim, defendeu os gastos públicos de aproximadamente 140 milhões de reais na
Jornada da Juventude (evento católico previsto para acontecer no Rio de Janeiro
com a presença do papa Francisco), recursos aqueles que seriam destinados aos
preparativos de um grande evento internacional de alta complexidade, quando o
governo brasileiro não poderia deixar de dar suporte, por força da imensa
multidão que everá participar.
Fabrício
Torres
Lembrou
que os gestores políticos de todos os níveis (federal, estadual e municipal)
teriam sido os que mais teriam sofrido desgastes com as manifestações
populares, tanto os componentes da base do governo como os da oposição. Todos,
inicialmente, teriam reagido igualmente, classificando as manifestações como
“vandalismos”, mas que em um segundo momento, convencidos da complexidade do
momento político teriam mudado o discurso e reconhecido o movimento como
legítimas vozes do povo.
Citou
o livro de Manoel Castels, intitulado Sociedade em Rede, onde o autor
descreveria as manifestações populares como a “insatisfação da sociedade com
uma gama de fatores” rebatendo assim, as conclusões que apontariam as
manifestações atuais no Brasil como resultado da insatisfação com causas
específicas de grupos, a exemplo das reivindicações do passe livre, lembrando o
slogan “Não é só pelos R$ 0,20”. O Movimento do Passe Livre teria sido apenas o
estopim de uma série de reivindicações da sociedade.
Lembrou
ainda, que a população teria estrategicamente escolhido o período da realização
da Copa das Confederações para se manifestar, aproveitando que o mundo estaria
de olho no Brasil e que qualquer fato geraria repercussão internacional .
Defendeu
que a ocasião dos protestos teria sido ideal para a sociedade brasileira
mostrar ao mundo, com todas as letras, que o Brasil seria um país de contrastes
gritantes, ao contrário da propaganda do governo e da FIFA que mostraria com as
imagens dos estádios “padrão-fifa”, uma realidade mentirosa.
Denunciou
ainda, que os governos Lula e Wagner teriam realizado obras estruturais
faraônicas que teriam beneficiado apenas as grandes construtoras, deixando o
povo com as mesmas carências de antes, citando a nível federal as obras de
transposição do Rio São Francisco que já teriam consumido bilhões de reais e
continuariam inacabadas, causando prejuízos bilionários aos cofres públicos,
pois antes do término já precisariam ser reconstruídas, além de não terem
beneficiado um único cidadão do semiárido nordestino. No nível estadual citou
as obras da Rótula do Abacaxi, em Salvador, que a pesar de que já estariam
sendo usadas pela população, não teriam trazido o efeito desejado e parte delas
encontrar-se-iam inacabadas, sendo exemplos de obras eleitoreiras.
Lembrou
ainda, uma afirmação de Caetano Veloso quando o mesmo teria dito que na Bahia
tudo que se pareceria com construção já seria ruína.
Por
fim, defendeu a ideia de que no Brasil haveria apenas democracia de direito
(que estaria apenas no papel), pois não haveria democracia de fato, ou seja,
democracia na prática.
Vera
Galeno
Defendeu
que a rede globo teria inicialmente dado ênfase apenas às manifestações
ocorridas no eixo Rio-São Paulo-Brasília, pouco noticiando as manifestações
aqui na Bahia e no restante do Brasil. Também teria a globo enfatizado as
mobilizações sociais com causa única, que teria sido o aumento de preço das
passagens de ônibus, defendido pelo Movimento Passe Livre desconsiderando,
portanto, as diversas reclamações e reivindicações levadas às ruas numa gama de
cartazes e faixas referentes à educação, saúde, segurança, transporte de
qualidade, ética na política, punição aos corruptos, moralidade na política,
entre tantos outros temas.
Por
fim, lembrou de um depoimento emocionante que teria assistido na TV, de um
senhor de 72 anos de idade que teria se mostrado emocionado com a ação dos
jovens à frente das manifestações, quando teria declarado, o entrevistado, que
a partir daquele momento estaria mais confiante nas mudanças positivas para
sociedade, pois os jovens teriam despertado para a democracia.
Djalma
Torres
Leu
um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, em 07 de julho de 2013, de
autoria da jornalista Eliane Catanhede, intitulado de “Assombração”
referindo-se a Lula e Dilma e a falta de ética no poder.
Destacou
um comentário feito em uma reunião do Grupo Primo (uma comunidade ecumênica de
Salvador), por Ernesto Botazz, um professor universitário, italiano e radicado
no Brasil, onde este teria afirmado que no período das manifestações populares
encontrava-se na Itália e teria, na ocasião, verificado que nem a Copa das
Confederações, nem a derrota da Itália teriam tido tanta repercussão, tanto na
Itália como em toda a Europa, como as notícias das manifestações populares que
teriam ocorrido paralelamente aos jogos daquele evento esportivo.
Em
seguida, discordou dos gastos públicos do governo brasileiro com a Jornada
mundial da Juventude, evento católico de cunho internacional no qual teria a
presença do papa Francisco, previsto para acontecer no Rio de Janeiro no final
do mês de julho de 2013, que estariam orçados gastos de 140 milhões de reais,
aproximadamente.
Afirmou
ainda, que nos governos Lula e Dilma os movimentos sindicais teriam perdido a
característica de reivindicações de causas de interesse dos trabalhadores,
mostrando-se numa eterna inércia frente às reivindicações populares e que,
provavelmente estariam em condição de submissão aos interesses dos governos do
PT e da iniciativa privada.
Destacou
a situação escandalosa das obras do PAC (Programa de Aceleração do
Crescimento), nos quais após gastos de bilhões de reais, os canais da
transposição do rio São Francisco, por exemplo, estariam rachados necessitando
de reconstrução, evidenciando portanto, a ineficiência do governo e ainda, o
descaso com o dinheiro público.
Citou
ainda, o escândalo que envolveria o governo federal e alguns governos
estaduais, com o empresário brasileiro e bilionário Eike Batista, o qual a
revista norte-americana Forbes teria dito ser aquele empresário o homem mais
rico do Brasil. Eike seria beneficiário de políticas de investimento do governo
federal, a exemplo da concessão de exploração econômica de petróleo e ainda,
teria sido citado pela presidente Dilma como exemplo de empresário no Brasil.
No nível estadual Eike teria sido beneficiado pelo governo do Rio de Janeiro, através
do governador Sergio Cabral na concessão dos direitos de exploração econômica
do estádio do Maracanã, obra na qual teria tido a licitação para a reforma,
vencida por um consórcio do qual Eike seria sócio. Lembrou ainda, que o BNDS
teria emprestado mais de 12 bilhões de reais a Eike e que, no momento atual, o
empresário estaria falido, sugerindo portanto, um prejuízo bilionário aos
cofres públicos.
Logo
após, lembrou que a construtora Odebrecht teria questionado o fato de o novo
estádio de Recife ter sido construído em uma área distante da cidade e de
difícil acesso. Relatou que as terras onde o estádio teria sido construído
seriam de propriedade da construtora que teria erguido a arena, ficando
evidenciado, portanto, os reais motivos da escolha do local, pois em data
futura a construtora vencedora construiria condomínios residenciais e assim,
lucraria duas vezes com a obra.
Também
denunciou que a prefeitura de Salvador (com ACM Neto) teria contratado um
programa de educação por 12 milhões de reais, o qual teria sido questionado
pelo Ministério Público, por irregularidades na contratação.
Citou
ainda, o escândalo com o uso por parte de políticos para atender a interesses
pessoais, dos aviões da FAB, como teria acontecido com o presidente da Câmara
de Deputados e com o presidente do Senado Federal.
Foi
de acordo que os líderes evangélicos pentecostais fundamentalistas a exemplo de
Silas Malafaia, Marco Feliciano, Valdomiro Santiago, Edir Macedo, entre outros,
deveriam ir para a cadeia, pois estariam desvirtuando a imagem das instituições
evangélicas e sendo coniventes e submissos com o poder constituído, deixando de
observar a ética e a moralidade na política, por simples vontade de poder.
Lembrou ainda, que o povo não veria com bons olhos os discursos fundamentalistas
evangélicos, como teria mostrado nas manifestações um incisivo repúdio à
posturas reacionárias, como exemplo teria uma das expressões comuns nos
protesto que seria “Feliciano não me representa”, sem contar que teria ficado
constatada a diminuição do número de participantes na última edição da Marcha
pra Jesus, que teria encolhido cerca de 40% (quarenta por cento).
Defendeu
que a insatisfação com a classe política e com a condução das políticas sociais
do governo seria geral e que enquanto comunidade religiosa, Antioquia deveria
acordar. A igreja deveria ir às ruas com um discurso sadio a cerca de um Deus
com ética e com um compromisso com a sociedade.
Citou
por fim, o exemplo da cidade de Canudos que teria se tornado independente sob o
controle de ACM e que mais tarde teria experimentado abusos de poder político,
ocasião em que teria se revoltado com a situação e num determinado momento, a
juventude canudense de maioria católica, teria conseguido realizar uma
revolução política desbancando do poder, nas urnas, os antigos donatários,
conseguindo eleger um representante da oposição.
Valdomiro
Mota
Lembrou
que a comunidade antioquiana poderia representar alternativas, no sentido de
denúncias a cerca dos abusos das igrejas pentecostais de discurso
fundamentalista.
Lembrou,
sobre os movimentos estudantis, que a maior parte dos movimentos nacionais
teriam tido origem no Estado da Bahia e que seria uma tradição dos baianos,
exemplificando a campanha das “Diretas já”.
Sobre
os desdobramentos das manifestações ressaltou que não seria inusitado e sim
normal, a mudança das posturas dos governos frente à pressão das ruas,
acreditando que a classe política teria sofrido uma balançada.
Defendeu,
por fim, que teria sido extremamente oportuna e necessária uma maior
participação de lideranças religiosas nas manifestações (padres, pastores etc),
assim como de lideranças estudantis, líderes de associações de bairro, ONGs,
etc. Tais instituições seriam indispensáveis para a defesa da dignidade da
vida. Haveria carência na sociedade, de pessoas e líderes imbuídos e defensores
da ética e que as instituições deveriam se fortalecer. Também defendeu que
seria preciso despertar novas lideranças defensoras da justiça social e que tal
postura deveria ser adotada pelas igrejas comprometidas com a mensagem
evangélica.
Ana
Lígia Lima
Defendeu
que não seriam somente a religião e as igrejas as responsáveis pela alienação
do povo, pois o mercado do entretenimento seria um dos maiores vilões, citando
shows de música, futebol, carnaval, entre outros.
Criticou
o discurso no qual coloca as pessoas das igrejas como alienadas e lembrou que é
das igrejas que sairiam grande parte das principais lideranças populares,
citando pastorais ligadas a movimentos e causas populares e alguns grupos
evangélicos de formação teológica.
Cláudio
Sena
Lembrou
que a igreja teria nascido como uma força de resistência que teria instalado um
novo pensamento que transformaria a vida das pessoas, mas que hoje estaria
mergulhada no interesse econômico e no poder.
Afirmou
que ninguém da frente parlamentar evangélica teria tido a ousadia de criticar a
corrupção dos governos Dilma e Lula.
Citou
Max Weber, que teria associado o espírito protestante à busca pelo poder e
riqueza.
Quanto
à moralidade cristã, esta estaria voltada para a sexualidade alheia
esquecendo-se da falta de ética nas relações humanas, da corrupção, das
injustiças sociais e dos desvios do poder.
Por
fim, colocando-se como representante protestante, fez uma análise pessimista
acerca da relação ética cristã-evangélica diante do cenário político atual,
pois a igreja estaria calada diante das injustiças que seriam realizadas sob as
bênçãos do poder, por tal motivo não sentiria naquele momento nenhuma vontade
de se submeter a uma ordenação.
Olusivone
Torres
Declarou
que estaria feliz em presenciar as manifestações populares pelo fato que as
mesmas teriam grande participação de jovens iniciadores do movimento que também
teria acordado nas pessoas outros sentimentos relativos à democracia e
cidadania, uma vez que já seria notória a apatia da juventude brasileira nos
últimos tempos.
Parabenizou
a juventude por ter acordado, a pesar de saber que foi constatado que grupos de
jovens ainda não comprometidos com as causas reivindicadas estariam se
aproveitando das manifestações para outros fins.
Por
fim, defendeu o movimento insurgente, que lutaria pelo voto nulo. Tal movimento
se fundamentaria na idéia garantida na lei eleitoral de que, caso 50% dos votos
fossem nulos a eleição teria que ser anulada e convocada outra eleição para meses
depois, sendo que os políticos mantidos no poder com a anulação não poderiam
concorrer, o que representaria uma revolução nas urnas.
Gabriela
Galeno
Relatou
que teria participado das manifestações pela primeira vez e que teria tido uma
experiência muito positiva. Descreveu sua participação na manifestação em
frente ao Shopping Iguatemi em Salvador, exaltando a mobilização dos jovens
pelo facebook e a organização das lideranças no momento da concentração e
preparação para o protesto, que teria tomado proporções inesperadas pela
organização. Teria ficado entusiasmada com a força do movimento e as
repercussões e consequências daquela ação política democrática e cidadã.
Já
na segunda participação, cuja concentração foi na Praça do Campo Grande, também
em Salvador, teria tido uma outra experiência pois naquela última teria havido
confronto com a polícia e muita confusão e, pela primeira vez teria tido
contato com as bombas de efeito moral, bombas de gás lacrimogênio e spray de
pimenta.
Outro
fato que relatou foi a percepção que grupos de jovens infiltrados entre os
manifestantes teriam outras finalidades como a de radicalizar os protestos com
atos de vandalismo, mas que a maioria esmagadora dos manifestantes teriam a
intenção de manter o caráter pacífico do ato político.
Graziela
Galeno
Defendeu
a idéia que já estaria passando da hora dos jovens acordarem e tomarem a frente
de ações como aquelas manifestações. Tais protestos teriam trazido estímulos
aos jovens que teriam descoberto a sua força e capacidade de realizar mudanças
na sociedade, pois os resultados teriam sido imediatos e bem notórios.
Maria
Fernanda
Colocou
seus questionamentos sobre as ações dos políticos na cidade de Salvador e no
Brasil, pois os políticos se candidatariam com a finalidade utilizar os cargos
em proveito próprio e não com a finalidade de beneficiar o povo.
Defendeu
que as manifestações não deveriam parar e que o povo deveria continuar com as
reivindicações nas ruas, pois muita coisa ainda precisaria mudar na cidade.
Lembrou
que a mídia e o governo só lembrariam do Brasil nas regiões do Rio e São Paulo
e que o resto do país estaria condenado a danar-se. Que fora Rio e São Paulo
todo o resto do país estaria abandonado.
Por
fim, afirmou que o governo deveria investir para que o Brasil fosse um país de
iguais, sem desigualdades e que a corrupção seria o grande mal da sociedade e
da classe política.