A Reverenda Sônia Gomes Mota, da Igreja Presbiteriana Unida
do Brasil, assume, em agosto de 2013,
a Diretoria Executiva da CESE. Natural de Muritiba,
município do Recôncavo Baiano, formou-se em teologia no Instituto de Educação
Teológica da Bahia (ITEBA), em 1992, onde iniciou sua caminhada ecumênica
interreligiosa e sua conversão à Teologia da Libertação. Licenciou-se em
filosofia na Universidade Federal da Bahia em 1997 e no ano de 2003 tornou-se
mestre em teologia, em
São Leopoldo , Rio Grande do Sul.
Na entrevista a seguir, a diretora revela sua trajetória
profissional e os desafios e expectativas de estar à frente de uma organização
como a CESE, com uma trajetória de 40 anos na defesa da justiça, dos direitos
humanos e no fortalecimento dos movimentos populares no país.
Sônia, como iniciou suas atividades no terceiro setor?
SÔNIA: Após a conclusão do mestrado, tive a oportunidade de
trabalhar no CECA – Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria. Inicialmente
trabalhei como assessora e, posteriormente, tornei-me coordenadora executiva.
No CECA atuei em parceria com outras entidades, pastorais e movimentos sociais
na luta pela defesa por direitos humanos, formação política e cidadania.
Como você se sente assumindo a direção executiva de uma
organização como a CESE, com 40 anos de estrada?
Sinto-me honrada, feliz e muito desafiada, pois estou
consciente da imensa responsabilidade que isso significa, afinal, uma
instituição como CESE, com 40 anos de serviço e luta na defesa dos direitos humanos,
justiça e paz, precisa continuar nesta caminhada, cada vez mais fortalecida.
Tenho plena confiança na equipe e nas parcerias de trabalho. Posso contar com o
apoio da diretoria e a equipe é muito comprometida e atuante. Sei que estarei
muito bem assessorada.
Tem sido um desafio para a CESE aumentar o diálogo com as
bases das igrejas e seu compromisso com as campanhas da CESE, a exemplo da
Campanha Primavera para a Vida. Como reverenda da IPU, como pretende estreitar
esses laços?
A CESE hoje é composta por seis igrejas cristãs, com
representação na diretoria e no conselho fiscal da instituição. As igrejas têm
sido, ao longo destes 40 anos, parceiras históricas e importantes, não só no
aspecto institucional, mas em diversas ações e iniciativas da CESE. Penso que
as parcerias podem ser aprofundadas, afinal, superar a realidade de injustiça e
desigualdade é também o desejo das igrejas. É importante intensificar os laços
com as bases das igrejas para juntos realizarmos a missão profética de denúncia
e ação contra as injustiças.
Nunca se falou tanto de terceiro setor e de responsabilidade
social no Brasil como agora, mas, muitas organizações, como a CESE, estão preocupadas com sua sustentabilidade,
já que a redução do apoio da cooperação internacional às ONG´s é uma realidade.
Comente.
Esta é uma dura realidade que estamos enfrentando há algum
tempo. Buscar alternativas de sustentabilidade e ampliar o espectro de agências
de fomento tem sido a pauta de discussão e de planejamento de muitas
instituições. Estamos passando por momentos de incertezas e por novos tipos de
desafios. Para organizações sociais inseridas nas relações de cooperação
internacional, não há como não se reorganizar e buscar alternativas no país.
Uma estratégia bem elaborada para ampliação e diversificação de outras fontes
internas de arrecadação é extremamente necessária. A mobilização de recursos
internos é imprescindível. Por isto que a CESE, ao lado da ABONG e outras
OSC´s, considera fundamental que seja logo aprovado um novo Marco Regulatório
para que as organizações possam mobilizar recursos junto à sociedade civil e as
fontes públicas, com legitimidade e transparência, a fim de que possam
continuar realizando atividades tão importantes para o bem comum.
Algumas ONGs já adotam estratégias de marketing para
mobilização de recursos e perceberam uma melhora em seus resultados, mas se
encontram em um dilema: o aparente o risco de ter seus valores diluídos aos das
corporações que a elas se aliam para concretizar seus investimentos sociais.
Como a CESE pode avançar em mobilização sem
perder o alinhamento e apoio aos
movimentos populares?
É fato que precisamos buscar outras formas e estratégias
para mobilizar recursos. Claro que isto deve ser feito obedecendo a critérios.
Por isto penso que neste processo é necessário ter clareza sobre nossa
identidade, o que queremos e que caminho vamos seguir. É preciso que tenhamos
clareza dos nossos objetivos, analisar com cuidado se as parcerias não ferem os
princípios da CESE e dos parceiros.
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