Sobre o CEPESC

Salvador, Bahia, Brazil
CEPESC - Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão. Nasceu do sonho, da utopia e da luta pela criação de um entidade que refletisse, a partir da perspectiva cristã e no contexto da diversidade cultural, social e religiosa brasileira e da Bahia, o mundo dos nossos dias de um modo abrangente e total, ou seja, nas suas dimensões social, econômica, política, educacional e religiosa. Por isso, adotou o lema Dignidade e plenitude da vida e da criação. Organizada em 23 de novembro de 1996, é uma entidade de caráter cultural, educacional, social e religioso. Tem como objetivos estimular, fazer e divulgar pesquisas no campo político, econômico, social, cultural e religioso e realizar trabalhos de educação, sociais, culturais e religiosos. Contato: 3266-5526

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

EM NOME DE DEUS


Eliane Catanhêde


A tragédia de Santa Maria ofuscou uma informação importante de domingo passado na Folha:   as igrejas arrecadam  R$ 21 bilhões ano no Brasil, incluindo católicos, evangélicos e centros espíritas.
A revelação foi da repórter Flávia Foreque, com base em dados da Receita Federal  obtidos por meio de uma das grandes inovações do país: a Lei de Acesso à Informação.
O valor equivale à metade dos recursos da cidade mais rica de todas, São Paulo, e é maior do que o Orçamento de 15 dos 24 ministérios.
Isso ajuda a explicar a lista da revista “Forbes”, dos EUA, com os cinco pastores mais endinheirados do Brasil, entre eles os que têm passaporte diplomático por representarem “interesses do país”. Os nomes não surpreendem. Mais uma vez, o espanto é diante dos valores.
Encabeçada por Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus, com patrimônio líquido de R$ 1.9 bi, a lista inclui: Valdomiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus – dissidente da Universal, como o nome já diz; Silas Malafaia, da Assembléia de Deus; Romildo Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus; e Estevam Hernandes e sua mulher, os mais pobrezinhos ( “só” R$ 130 milhões).
Fica a pergunta: a arrecadação e o dízimo de algumas igrejas vão para elas e suas almas, ou para as contas bancárias dos pastores?
Mais do que o complexo emaranhado sociológico e os impulsos psicológicos que levam as pessoas a dar seu suado dinheirinho para coisas – e gente – assim, o que interessa aqui é o reflexo no futuro.
Há igrejas e igrejas, mas, com dinheiro, TVs, rádios, sites, templos e lábia, as religiões, agora pulverizadas, exercem uma influência social, econômica e política crescente. O céu é o limite. Ou  o poder?
Quanto mais o Congresso e os políticos se distanciam da opinião pública, mais elas, as igrejas, e eles, os pastores, aumentam seus rebanhos. E essas ovelhas votam...

Eliane Catanhêde
Folha de São Paulo, domingo, 3 de fevereiro de 2013




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