Padre Beto |
Vestidas
com roupas brancas e munidas de faixas, cartazes, apitos e megafone, cerca de
500 pessoas participaram neste sábado de um ato de protesto contra a excomunhão
do padre Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, em Bauru (SP). O padre foi
excomungado na última segunda-feira por ter criticado as posições da igreja
contra o homossexualismo e bissexualismo.
Os
manifestantes, formados em sua maioria por católicos de diversas paróquias da
cidade, se reuniram por volta das 10h30 em frente à Catedral Divino Espírito
Santo, a principal da Igreja Católica na cidade, onde gritaram palavras de
apoio ao padre. Depois, saíram em caminhada pelo Calçadão do comércio local,
parando algumas vezes pra rezar Ave Maria e depois, novamente, gritar palavras
de ordem pelo megafone, seguidas de um apitaço.
Durante
a passeata, uma manifestante foi atingida por ácido, jogado por uma pessoa não
identificada que estava numa sobreloja. A bióloga Viviane Moreira, sofreu
queimaduras nos braços e no rosto ."Se atingisse meus olhos poderia estar
cega neste momento. Eu vi quando alguém jogou esse líquido de cima de uma loja,
imaginei que fosse água, mas depois apareceram as queimaduras", disse
Viviane, antes de ser socorrida pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu). A
Polícia Militar registrou a ocorrência para apuração do incidente.
A
manifestação foi convocada pelo grupo Eu Apoio Padre Beto, criado depois do ato
de excomunhão por fiéis da paróquia São Benedito, uma das quais o padre rezava
missas. "Temos mais de 2,6 mil seguidores. Nossa intenção não é fazer com
que a Igreja reveja suas posições, mesmo porque o padre Beto estará agora mais
livre para mostrar seus conhecimentos e ajudar as pessoas", disse.
"Mas o queremos é que a Igreja se transforme, porque achamos que, se uma
pessoa pode transformar a Igreja, estamos aqui, em centenas, pra pedir que ela
se transforme, porque não estamos mais na inquisição", disse Cristiane
Faustino, uma das líderes do grupo e organizadora da manifestação.
Entre
os manifestantes estava a dentista Cristina Guedes, que mora em Ilhéus (BA),
ex-moradora de Bauru. "Vim especialmente a este ato para mostrar que estou
indignada com esta situação. O padre Beto que me levou a ser católica, foi ele
quem fez meu casamento há cinco anos e batizou minha filha", disse.
"Minha filha correu oito igrejas para tentar batizar minha neta e os
padres diziam não. O padre Beto foi quem conseguiu numa paróquia emprestada,
porque ele não tinha paróquia", contou o aposentado José Marcos Queiróz.
"A democracia evoluiu, mas a igreja continua lá atrás, perdida no
tempo", disse Osvaldo Ramos de Oliveira, de 83 anos, um dos mais idosos da
manifestação, que percorreu todas as dez quadras da passeata, sem demonstrar
cansaço.
Depois
de quase 1h30 de protesto, os manifestantes pararam na praça Machado de Melo,
onde rezaram Ave Maria e manifestantes fizeram o discurso, encerramento a
manifestação. "Não importa quantas pessoas vieram, o que importa é que
chamamos a atenção e mostramos para a Igreja que precisamos ser respeitados e
que ninguém aqui está satisfeito com esse ato de violência que foi a
excomunhão", resumiu o vereador Marcos Souza (PMDB), da Associação Bauru
pela Diversidade. Na quinta-feira, Souza disse esperar mais de 2 mil pessoas no
protesto.
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