Jaime Sodré |
Artigo do meste Jaime Sodré, publicado no Jornal A Tarde desta segunda-feira , 15.
É isto,
o título é estratégico para motivar o leitor ao texto. “Vou fazer a louvação,
ao que deve ser louvado, louvando, o que bem merece, deixando o ruim de lado”.
No
mínimo estranheza deveria, em outros tempos, causar a visita de um fiel do
candomblé a um templo protestante, mas assim o fizemos por obediência à
orientação de Ebomi Cidália, que recomendava salutar visita para estreitar
laços de amizades, enriquecer o conhecimento e abraçar amigos.
A
Igreja Batista de Nazareth, um templo histórico, comemorava 35 anos, uma
história de muitas histórias dos irmãos solidários, sempre em busca de novos
horizontes inclusivos. O culto solene de aniversário teria como orador o
excelente pastor Djalma Torres, do mesmo modo como o “Jantar Teológico”, onde
teríamos o privilégio da companhia do pastor Joel Zeferino e pastor Moisés
Alves, acolhedores anfitriões. Estes, igualmente ao pastor Djalma, oradores e
condutores litúrgicos brilhantes. Só emoção! Acolhidos, estávamos em casa, sem
restrições ou olhares de intolerância. Só respeito e carinho.
Muita
luta ocorreu, tendo como abrigo essa igreja. Contra a ditadura, em favor da
democracia plena, dos direitos humanos, contra as injustiças no campo e na
cidade. Em especial, destacamos a participação solidária na luta contra a
intolerância religiosa, reconhecimento e respeito à diversidade sexual.
Estimulando
o diálogo com as paróquias católicas, comunidades protestantes e movimentos
sociais, a igreja alargava o seu horizonte. Pastor Djalma Torres empenhou-se
para que a igreja fosse recebida pelo Conselho Latino Americano de Igrejas
Cristãs (Clai), na Assembleia de Buenos Aires em 2005, quando o pastor ajudou a
criar a Aliança de Batistas do Brasil.
Na
“compreensão de que o Reino de Deus é maior do que as suas paredes, sejam
físicas ou mentais”, destacamos a disposição do Pastor Djalma Torres em
dialogar, compreender e participar como militante ativo contra as manifestações
que vinham de grupos religiosos que, numa demonstração de inadaptação de uma
convivência inter-religiosa, atacavam o candomblé. Pastor Djalma Torres sempre
solícito e amigo dos fiéis do candomblé, reservava um espaço do seu precioso
tempo para reuniões ou caminhada junto ao povo de santo, nas sugestões de
posturas para a solução desta incompreensão vil.
O
pastor Djalma pela sua seriedade e apoio às nossas causas, tornou-se um irmão
especial, e para retribuir este seu carinho e solidariedade, o povo de santo,
reconhecendo a sua coragem, sinceridade, em um tom alegre, mas respeitoso,
desejando ter a honra de integra-lo em nosso meio, resolveu chama-lo de Pastor
Djalma de Ogum.
Levando
em conta e seguindo a máxima da Igreja Batista Nazareth de que “o que importa
são as pessoas”, é para os grupos que necessitam de apoio que o pastor e sua
igreja dirigem o melhor de seus esforços.
Também
os ministérios e seus respectivos ministros orientam-se por esse princípio, foi
assim que o pastor Djalma empenhou sua vida em Nazareth e hoje através do
Cepesc e da Igreja Evangélica Antioquia. Outros personagens atuam na mesma
lógica do servir, são eles: pastor Eliab Barbosa, pastor Moisés e pastor Joel
Zeferino.
Salves
os irmãos das diversas religiões que se irmanam em convicções diversas na “
esperança de que o Reino de Deus ou de Olorum seja algo plenamente possível, e
por esse ideal vale “gastar a vida”. E como nos revela o texto da Igreja de
Nazareth, “ só assim, com resistência, luta e Fé e que vale viver”.
Estreitando
os nossos laços, desejamos um axé para o pastor Djalma e muitos anos de vitórias
para Igreja Batista Nazareth, que caminhou do centro para o Monte Serrat, para
o Garcia, para Brotas e, finalmente, para Nazaré, atual sede. Parabéns pelos 38
anos, que Ogum te dê força e perseverança.
Pastor
Djalma, de Ogum, e de todos aquelas que têm a chance da sua amizade sincera,
“quem disse, que não somos nada, que não temos nada a oferecer. Repare, nossas
mãos abertas, trazendo as ofertas do nosso viver...oôô! Recebe Senhor...Louvado
a quem bem merece deixando o ruim de lado...”
Jaime
Sodré
Professor
Universitário, mestre em História da Arte, doutorando em História Social.
Esse texto traduz a fio a rica história de respeito e tolerância que uma liderança pode ter. Pastor Djalma é uma figura emblemática na luta contra a intolerância religiosa em Salvador, na Bahia e no Brasil. Quem dera se exemplos assim fosse multiplicados pela sociedade. Meus sinceros respeito a esse homem de fé. Salve Pastor Djalma, Salve Pastor Djalma De Ogum.
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